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Solta-se um beijo
Durante três dias, Caius observava Juliana disfarçadamente por entre os rostos vagos dos clientes que ousavam cruzar o espaço visual entre os dois.
Caius havia sido contratado há exactamente 4 dias, estava a ambientar-se á sua função de caixa do pequeno supermercado e Juliana era a responsavel pela reposição de produtos, de cabelo negro da cor do carvao, negra como uma sala sem luz.
Caius imediatamente sentiu vontade de partilhar o mesmo ar que ela, de poder usufruir da sua presença constante, num périplo de 24 horas...de preferência nos seus braços.
Seria certamente atracção fisica, apenas isso dado que parecia improvável a ele que pudesse ser algo mais. Na plenitude dos 22 anos , já havia passado por paixonetas semelhantes e sabia que sempre acabam mal.
Julieta havia percebido a intensidade dos olhares de Caius. Achava-lhe piada o seu sentido de humor, e fazia já algum tempo que não sentia os suores frios que agora sentia, quando se imaginava observada por Caius.
No entanto, para ela este era o momento, sabia que èticamente ele devia tomar a iniciativa, mas se esperasse,o momento perdia-se.
Esperou paciente o fecho do dia. Os corpos cansados, a ânsia de sair foi substituido por uma aproximação cuidada, mas mortifera.
A água de colónia dele, rodeou-a e por entre uma frase banal, desprovida de qualquer contexto, na entrada dos baneários dos funcionários do Mini mercado, os lábios juntaram-se num beijo demorado, repleto de intensidade e sabor, que a noite esqueceu
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