Desafio poético - inferno dos poetas
Letras em chamas
Começo meio fim meio-fio claro
E carros cuspindo das poças o resto dum choro emudecido,
Ter na mente o que não se pode colocar nela
Como orvalho preguiçoso
Acordando às sete horas
Ah! Velho com barbas de árticos e pensamentos boreais
Não venha mostrar a grande balbúrdia (alma inferneira)
Com seu teso cômputo
Sobre cidadelas distantes de outros sítios humanos
Não venha queimar o mote dom de quem versa
Como se a criação da palavra fosse um erro no herege
Com direito a fogueira
Indolente presságio ido até o fim
Sem conceber outras ruas ou cunhais abaratinados
Assim faz-se a resposta do mal aventurado
Que inventa na tarde o seu paraíso
E caminha por noites infernais:
Nas espinhas das fêmeas calças a pele do deleite
Sobre curvas perfumais tens nas mãos o leme dum corpo no contorcer-se
Navegar singrar e ferir uma alma
Quando do nada toda natureza do amor
É entregue ao abismo
Nas solas dos pés
Deste monstro não estudado
Sem resultados nem fórmulas.
O fogo da longitude
Faz da moça o caminho para fora do Éden
Desgraças com graças dum bom amante
Entregar a guerra sentimental
No peito da paz em pleno clímax e êxtase
A melhor memória deus do amor
Áureo feito trigais dado por gosto findo
Da separação do verde
Em colheitas secas
Está na adaga que crava e fica
Só permanece arraigada por medo de não senti-la
Nunca mais
Ominas limite seu próprio quando do álcool
Arrancas uma ressaca na ponta da pena,
No fumo e em tudo que faz de ti
Errado no erro que és
Ainda resta uma saída
Se estais no inferno
No inferno estais
És o diabo telúrico em carne recíproca
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Poesia :
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Comments
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Olá Alcantara
Um poema que me deixou perplexa pela sua magnificência.
Adorei:
Ainda resta uma saída
Se estais no inferno
No inferno estais
És o diabo telúrico em carne recíproca
Beijo
Matilde D'ônix
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Olá, amigo Alcantra.
Ricas imagens, enfim, um excelente trabalho.
Poeticamente infernal!
Gostei deveras,
parabéns,
Roberto
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Pungente, voraz brotado do inferno pessoal que perfaz o pensamento do poeta errante entre o simbolismo e o realismo fantástico.
Grande abraço.
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Olá, Alcantra,
Belo texto com uma intensidade poética grande, com belas imagens e um discorrer sobre a alma do poeta muito interessante.
Gostei imenso.
Um beijo.
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
letras em chamas que enriquecem o desafio!!!
boa participação!!!
Um bom inferno poético!!!
:-)
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Olá,Alcantra,
Belo poema.Um concreto todo feito de abstratos.
São as batalhas travadas entre o espiritual e o humano.Abraços.
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Um todo... lindo!
Parabéns!
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Bem...
Fantástico!
Todo o poema é sublime, ainda assim atrevo-me a sublinhar esta parte:
"A melhor memória deus do amor
Áureo feito trigais dado por gosto findo
Da separação do verde
Em colheitas secas
Está na adaga que crava e fica
Só permanece arraigada por medo de não senti-la
Nunca mais"
Q me deixou completamente rendida!
Beijinho em si!
Inês Dunas