Desafio poético - inferno dos poetas
Letras em chamas
Começo meio fim meio-fio claro
E carros cuspindo das poças o resto dum choro emudecido,
Ter na mente o que não se pode colocar nela
Como orvalho preguiçoso
Acordando às sete horas
Ah! Velho com barbas de árticos e pensamentos boreais
Não venha mostrar a grande balbúrdia (alma inferneira)
Com seu teso cômputo
Sobre cidadelas distantes de outros sítios humanos
Não venha queimar o mote dom de quem versa
Como se a criação da palavra fosse um erro no herege
Com direito a fogueira
Indolente presságio ido até o fim
Sem conceber outras ruas ou cunhais abaratinados
Assim faz-se a resposta do mal aventurado
Que inventa na tarde o seu paraíso
E caminha por noites infernais:
Nas espinhas das fêmeas calças a pele do deleite
Sobre curvas perfumais tens nas mãos o leme dum corpo no contorcer-se
Navegar singrar e ferir uma alma
Quando do nada toda natureza do amor
É entregue ao abismo
Nas solas dos pés
Deste monstro não estudado
Sem resultados nem fórmulas.
O fogo da longitude
Faz da moça o caminho para fora do Éden
Desgraças com graças dum bom amante
Entregar a guerra sentimental
No peito da paz em pleno clímax e êxtase
A melhor memória deus do amor
Áureo feito trigais dado por gosto findo
Da separação do verde
Em colheitas secas
Está na adaga que crava e fica
Só permanece arraigada por medo de não senti-la
Nunca mais
Ominas limite seu próprio quando do álcool
Arrancas uma ressaca na ponta da pena,
No fumo e em tudo que faz de ti
Errado no erro que és
Ainda resta uma saída
Se estais no inferno
No inferno estais
És o diabo telúrico em carne recíproca
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1065 reads
Add comment
other contents of Alcantra
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Ministério da Poesia/General | Suspiro dessepultado | 0 | 2.876 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Uma página em branco | 0 | 1.433 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Tálamo do titilar | 0 | 1.629 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Tacto dulcífico | 0 | 1.909 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Depois | 0 | 2.385 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Palavra que soa e deixa de dizer | 0 | 1.314 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Laços da língua | 0 | 1.789 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Bocas que sangram | 0 | 2.101 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | De viés | 0 | 1.277 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Ziguezagueia destino ziguezagueante | 0 | 2.013 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A cama e o sexo | 0 | 2.701 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Títulos Quebrados | 0 | 1.761 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Os trilhos estão indo... | 0 | 1.748 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | As trincas | 0 | 1.857 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Nu | 0 | 2.702 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Algo | 0 | 1.985 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Cabeça na mesa | 0 | 3.222 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O manto e o inverno | 0 | 1.998 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O que é... O que já não é (foram-se as emoções) | 0 | 2.829 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Avenidas de mim | 0 | 2.492 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | E... | 0 | 1.869 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Não sei... Não sou | 0 | 3.438 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Desnudo | 0 | 3.215 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Mares de mim | 0 | 1.951 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Críticas/Miscellaneous | Worldartfriends - De volta à poesia | 0 | 1.567 | 11/19/2010 - 02:47 | Portuguese |
Comments
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Olá Alcantara
Um poema que me deixou perplexa pela sua magnificência.
Adorei:
Ainda resta uma saída
Se estais no inferno
No inferno estais
És o diabo telúrico em carne recíproca
Beijo
Matilde D'ônix
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Olá, amigo Alcantra.
Ricas imagens, enfim, um excelente trabalho.
Poeticamente infernal!
Gostei deveras,
parabéns,
Roberto
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Pungente, voraz brotado do inferno pessoal que perfaz o pensamento do poeta errante entre o simbolismo e o realismo fantástico.
Grande abraço.
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Olá, Alcantra,
Belo texto com uma intensidade poética grande, com belas imagens e um discorrer sobre a alma do poeta muito interessante.
Gostei imenso.
Um beijo.
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
letras em chamas que enriquecem o desafio!!!
boa participação!!!
Um bom inferno poético!!!
:-)
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Olá,Alcantra,
Belo poema.Um concreto todo feito de abstratos.
São as batalhas travadas entre o espiritual e o humano.Abraços.
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Um todo... lindo!
Parabéns!
Re: Desafio poético - inferno dos poetas
Bem...
Fantástico!
Todo o poema é sublime, ainda assim atrevo-me a sublinhar esta parte:
"A melhor memória deus do amor
Áureo feito trigais dado por gosto findo
Da separação do verde
Em colheitas secas
Está na adaga que crava e fica
Só permanece arraigada por medo de não senti-la
Nunca mais"
Q me deixou completamente rendida!
Beijinho em si!
Inês Dunas