Lá vai o violeiro
Já vais, companheiro,
Tens o estradão
por testemunha,
o palco, teu coração.
Em terra de tenente.
Subindo ladeiras, outeiro.
Falando ao coração da gente
em melodia selando teu compromisso
Fugindo do tiro certeiro
Tocando tua viola, arteiro.
Segue em frente
Cantando por tua gente
Lá vai, querendo
teu povo levar à luta,
Teu caminho é longo
e é triste a espera,
Mas, somente alcançar podem
aqueles que carregam a bandeira da paz,
quem sob o manto da liberdade e da verdade jaz,
inda que o dedo em riste te apontem
Vida, ainda que bastante sofrida, razão
De ser, viola camarada, instrumento simbólico
de outras tantas batalhas, cântico
para tantos que adormecem no chão,
Vidas esquecidas,
mas o canto é maior que a vida,
supera a impostas mortalhas,
renasce e acende as centelhas...
E o canto é geral,
Nas esquinas, no cortejo fúnebre,
mas a morte fatal,
antecipada, encomendada, lúgubre,
De repente, tua voz entoa os acordes
E a gente toda renasce do chão
Feito rebento germinado pela chuva do sertão
E o teu breve cantar, nossa voz contra os lordes
Vida amarga, blindagem, coletes, sem liberdade
Levaram-te pra tocaia, na sombra da impunidade
mesmo que a tua vida à bala tomem
na terra que defendes, outras vidas brotam
Se em nossa consciência,
a dor de tua perda, tua ausência,
possibilitar um grito de revolta,
que ecoe pais afora, teu canto volta...
Calam tua voz, mas não teu canto, violeiro.
AjAraújo, o poeta humanista, tributo a todos os violeiros que consagram sua melodia à defesa da liberdade e dos oprimidos, escrito em janeiro de 2002.
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Se em nossa consciência, a
Se em nossa consciência,
a dor de tua perda, tua ausência,
possibilitar um grito de revolta,
que ecoe pais afora, teu canto volta...
Calam tua voz, mas não teu canto, violeiro.