Desabafo de agosto
Escorre uma réstia de luz,
na calmaria do mar...
Um ébrio vagar esconde a ira,
deferida num templo comum.
Onde a vida se esconde sobre
o véu da morte vivida.
E vislumbra num doce cantar
o murmúrio do Senhor,
Da paz que virá Daquele que nos
deixou a rolar lágrimas...
Na frescura da noite,
vive, sobrevive uma vontade de aço
De fazer do simples lito,
Um grão de areia fino
que corra com a brisa e me vele
a visão do nada do momento...
O mar como que estático,
inerte de vagas, da distante música,
de homens a velejar, de cantorias em saveiros,
de buscas, de idas, de perdas.
E tudo corre com a silente voz nostálgica
de tudo quanto há de ser...
No que se anuncia no próximo amanhã,
trêmulo corpo, sôfrega alma,
que ansia vencer, mas teme perder...
Já não soam mais as melodias febris,
Que adornavam as ilusões pueris,
de um canto juvenil.
E correm soltas as palavras,
como folhas ao vento,
já não ressoam, no triste
elo do viver.
Tudo está disperso,
buscar, querer se encontrar
descer ao fundo,
no mais profícuo campo,
da íntima escuridão, ínfima, do sub-eu...
Para despertar,
de um pesadelo,
e atravessar a ponte que une
de uma lado a emoção e
de outro a razão...
AjAraújo, o poeta humanista, escrito na década de 70, durante os duros anos da ditadura.
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Para despertar, de um
Para despertar,
de um pesadelo,
e atravessar a ponte que une
de uma lado a emoção e
de outro a razão...