As adagas q amamos...
A princesa esbatia-se, como maquilhagem mate...
Nada lhe trazia os sabores adocicados dos sonhos, nada a convencia a soltar rédeas, a abrir portas, a abraçar fantasias de janelas sem persianas reflectindo o sol em todo o seu esplendor...
Os príncipes queriam aprender a ama-la, ofertando-lhe bouquets de atenções, perfumados com carinhos e desejos...
O reino era fértil em príncipes semi-perfeitos, apaixonados, sonhadores, de braços fortes e corpos transpirando um prazer que se adivinhava intenso...
Mas a princesa tinha desaprendido tudo o q se prendia com castelos encantados, não acreditava q os príncipes fossem capazes de amar algo q não se prendesse com linhas e curvas enlaçadas sobre si mesmos...
Fazia festas nos rostos, deslizava afagos pelas almas, amava-os em silencio mas sempre a uma distancia confortável, sabia q todos os príncipes possuem adagas...
Já em tempos, houvera um dia em q a princesa ousou quebrar esse conforto delimitado por um vidro invisivel...
Houve, então, um príncipe q subiu à torre dos seus sentimentos, abraçou-a de costas, cheirou-lhe a pele, acariciou-lhe os cabelos, tomou-lhe os seios dos sonhos e bebeu-os de um trago, matando a sede q o torturava...
A princesa nem teve tempo de resistir, deixou-se amar, pensando q se alguém tinha subido até ali, à torre íngreme e escorregadia do seu sentir, só podia merecer receber aquele amor q tinha guardado tanto tempo, com tanto empenho e medo...
Entregou-se, rendida, pensou q podia permitir-se amar...
Foi quase feliz nessa sua suposta liberdade, descobriu q o vidro era frio e por mais transparente q fosse nunca permitia conhecer o toque da realidade...
Abraçou a sua efémera loucura julgando q as princesas têm direito a finais felizes, só q tudo o q encerra alguma coisa nunca se digna ser feliz...
Hoje sabe que todos os príncipes possuem adagas, porque o seu corpo esta cravejado de cicatrizes de punhais, sabe também q o vidro q nos veste é fino de mais e o nosso anseio de o quebrar é a nossa maior fraqueza...
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 884 reads
Add comment
other contents of Librisscriptaest
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Sadness | Quimeras... | 2 | 5.825 | 06/27/2012 - 15:00 | Portuguese | |
Poesia/General | Presa no transito numa sexta à noite... | 2 | 3.341 | 04/12/2012 - 16:23 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Santa Apolónia ou Campanhã... | 2 | 2.520 | 04/06/2012 - 19:28 | Portuguese | |
Prosas/Others | Gotas sólidas de gaz... | 0 | 2.659 | 04/05/2012 - 18:00 | Portuguese | |
Poesia/General | Salinas pluviais... | 1 | 2.884 | 01/26/2012 - 14:29 | Portuguese | |
Prosas/Others | Relicário... | 0 | 2.991 | 01/25/2012 - 12:23 | Portuguese | |
Poesia/General | A covardia das nuvens... | 0 | 3.574 | 01/05/2012 - 19:58 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Arco-Iris... | 0 | 3.804 | 12/28/2011 - 18:33 | Portuguese | |
Poesia/Love | A (O) que sabe o amor? | 0 | 3.455 | 12/19/2011 - 11:11 | Portuguese | |
Poesia/General | Chuva ácida... | 1 | 2.846 | 12/13/2011 - 01:22 | Portuguese | |
Poesia/General | Xeque-Mate... | 2 | 3.152 | 12/09/2011 - 18:32 | Portuguese | |
Prosas/Others | Maré da meia tarde... | 0 | 2.907 | 12/06/2011 - 00:13 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Cair da folha... | 4 | 3.724 | 12/04/2011 - 23:15 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Cegueira... | 0 | 3.284 | 11/30/2011 - 15:31 | Portuguese | |
Poesia/General | Pedestais... | 0 | 3.379 | 11/24/2011 - 17:14 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A primeira Primavera... | 1 | 3.210 | 11/16/2011 - 00:03 | Portuguese | |
Poesia/General | Vicissitudes... | 2 | 3.509 | 11/15/2011 - 23:57 | Portuguese | |
Poesia/General | As intermitências da vida... | 1 | 3.655 | 10/24/2011 - 21:09 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | O silêncio é de ouro... | 4 | 2.922 | 10/20/2011 - 15:56 | Portuguese | |
Poesia/General | As 4 estações de Vivaldi... | 4 | 3.905 | 10/11/2011 - 11:24 | Portuguese | |
Poesia/General | Contrações (In)voluntárias... | 0 | 3.359 | 10/03/2011 - 18:10 | Portuguese | |
Poesia/General | Adeus o que é de Deus... | 0 | 3.328 | 09/27/2011 - 07:56 | Portuguese | |
Poesia/General | Limite | 2 | 4.582 | 09/22/2011 - 21:32 | Portuguese | |
Poesia/General | Quem nunca fomos... | 0 | 3.895 | 09/15/2011 - 08:33 | Portuguese | |
Poesia/General | Antes da palavra... | 1 | 4.293 | 09/08/2011 - 18:27 | Portuguese |
Comments
Re: As adagas q amamos...
É lindoooooo *.*
não ha mais? é que li e reli e voltei a ler!!!!!!!!
ADOREI SIMPLISMENTE
bjo
Re: As adagas q amamos...
Bela demais. Esta princesa por acaso comprou uma cobertura na torre e ficou lá em cima olhando a vida binóculos? Pois é... eu conheci uma princesa que cobriu o corpo com uma fina camada de vidro, e sempre que tomava banho tilinva, bom era vê-la nua à luz da poesia, refratava a luz dos afetos em arco-ires de veros espalhados pelo ar. Pena que morreu cedo, intoxicada pela solidão.
Beijos amiga, adorei ler.
Re: As adagas q amamos...
Que prosa tão bela e tão sentida! Quanta amargura nas palavras tão bem estruturadas, mostrando um peito ferido, que tenho fé, vai se recompor...Abraços
Re: As adagas q amamos...
Muito, mas mesmo muito bom.
O regresso das Purpurinas.
Lindissimo de ler.
Gostei bastante Libbis