Flerte com o suicídio

Sele o seu cavalo
Vista a sua armadura
Ajude-nos a atravessar a noite.

Noite profana!
Rubros são os olhos da donzela.
Misterioso é o vulto na fresta abaixo da porta.

Madrugada traga-me essa dama!
Onde ela está?
Traga-a para mim.

Sua aparição é anunciada pelas flores murchas.
Seco está agora o meu coração.
Extraordinária a amiga de uma languidez efêmera.
Abrace-me, e beije a minha boca!

Dei-me a sua casta virgindade
E transporta-me através...
Através das paredes, das janelas, do teto.
Leve-me aonde nunca ninguém sonhou estar.
Só quero estar contigo e nada mais.

Vermelho é a substância
Que sai onde a adaga está cravada.

A onça desliza
Lascivamente
Atravessando o clarão da meia-noite.
E eu, inócuo sobre os trapos,
Desprovido de sentir a sua presença,
Anseio pelo seu golpe fatal.

Inesperado
Veloz.
Vejo os olhos da serpente
O perfume adamascado.
Sinto a dor
Sinto o alívio.
Flerto com a donzela
Flerto com a morte.
Fecho os olhos
E vou-me em paz.

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Wednesday, December 16, 2009 - 22:41

Ministério da Poesia :

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