Atado ao Umbigo

Do umbigo eu vim sem conhecer os riscos de nascer
E para o umbigo retorno sem saber o que é morrer.

Fui embalado nos berços dos braços de minha mãe,
Jogado pra lá e pra cá com os sorrisos de seus lábios,
Mas sou jogado pra lá e pra cá com os assombros do que é viver.

Sonolento me vi ao som da tarde em suas canções,
Entregue às melodias e cifras
Ao ar, ao vento, a terra, a tudo que leva ser mais que tudo,
Seguindo acordes, mudando direções
As sombras dançavam de forma sensual
Embalando vidas
Engolindo mortes
Tão atento às notas soltas ao ar!

Caminhava sonso pelas ondas das ruas
E tropecei numa pedra de dúvida,
Bati a cabeça na quina da mentira,
Fiquei louco e acordei com a aurora da vontade.

Segui meu caminho buscando minha verdade.

Alucinadamente ataquei minha memória.

Escapei das cordas que me enforcavam
Desatei-me do nó das massas.
Hoje faço parte da vertigem niilista:
Atirei bombas de mil megatons na hierarquia de todos os valores,
Quis a destruição do que socialmente existe
E digo mais:
Nada existe de absoluto.

Um dia me deparei falando:
Pense,
Concentre-se,
Agarre com força seu Querer,
Não seja a Escora da Escória dos que tapam olhos e ouvidos para a descrença.

Do umbigo eu vim
E para o umbigo retorno.

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Wednesday, December 16, 2009 - 22:46

Ministério da Poesia :

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