Um eterno Adeus

E finalmente acordo.
Como nascem as flores nos desertos.
A nuvem que cobre esta ausência triste,
dentro do meu ser, passa lenta
como uma sombra num chão irreal da minha existência,
e arrefece a alma gélida que tenho.
Esta alma quebrada em mil glaciares longínquos da realidade.
Uma morte eternamente fria do meu ser.

Sentado, escrevo estas linhas sem vontade de serem escritas.
Simplesmente morrem as palavras, após cuspidas pela minha caneta,
que até ela é traída pela sua vontade de não escrever nada.
Num impulso maior que eu,
maior que o universo que me rodeia,
eu escrevo sem vontade de escrever.

A tarde caia lenta, muito lenta, sobre o horizonte infinito dos jardins secos,
dos desertos com rosas mortas,
com pássaros feridos
e
gotas de chuva que caem sem se ver,
quando me senti tentado pelo fim, aquele fim, que tu sabes qual é,
aquele que nunca começou em ti mas deixou-me assim…
um fim triste de uma fatalidade que nunca aconteceu aos outros,
mas sim a mim.

As portas fechadas,
as janelas fechadas,
uma casa á qual nada tem acesso,
um labirinto infinito.
A minha solidão.

Os dias que passaram até atingir esta noite eterna.
O mundo, ao qual já não tenho acesso.
Alem de mim e destas portas fechadas,
destas janelas fechadas,
desta casa e deste labirinto infinito
nada existe.

Não morro! Um castigo de viver ausente da minha própria ausência.

Os Gritos impossíveis de ouvir
Visões impossíveis de ver!
Vivo num inferno, a cada minuto.
Quando estou consciente, respiro.
Deixei-me cair no mar da agonia.
Sou um reflexo do que nunca fui.
Vejo-te, depois de acordar
(Deste sono eterno,
Desta escuridão…
Quando os dias do fim chegarem
E as caravelas danificadas atracarem no meu porto,
Quando os cavalos com asas
(adormecerem a meus pés
E a lua negra estiver na minha mão,
Aí sim, irei te ver novamente…
Até lá, um eterno adeus.