Do cansaço me desfaço

Do cansaço me desfaço

Não fiz caminhadas pedestres
mas sinto-me tão cansada!
Como se fosse apunhalada
por invisíveis canivetes.

Não falei às flores da Primavera,
abertas em sorrisos de pétalas.
Adensou, em mim, o sorriso mudo,
esganado por forcas de outra era.

Não escutei conversas soltas
que ouvidos apurados
captam entre grandes copas
árvores de grande porte
em jardins acolchoados.

Embebedei-me de caras curiosas,
de líquidos saídos de almas
em crianças sequiosas
que me escutam, silenciosas.

Algum cansaço desapareceu
quase por encanto, meu.
Momentos mágicos
que me levam ao céu
envoltos em colorido véu.

O que resta será descanso
que encontro no meu canto
sentada em secretária de madeira
minha única companhia
em momentos de nostalgia.

Logo virá o encantamento
lendo escritos imberbes
pela caneta já cansada
entre mãos adolescentes…
O cansaço ficará sonolento,
pairando entre um estado indolente
e a actividade do pensamento…

Sirvo-me de licores variados
salivo cada palavra
agarro nos escritos lidos
deles faço a almofada
onde finalmente repouso
e o sono me toma, de madrugada.

OF 02-06-2011
 

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Martes, Junio 28, 2011 - 00:11

Poesia :

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Odete Ferreira

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Do cansaço me desfaço

Palavras como licor de vida,

como que água de um último grito para iniciar o caminho.

Deixar pousar o cansaço e seguir.....

 

:-)

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Do cansaço me desfaço

Sim, as palavras ficam ébrias, quando poeticamente as bebemos...Ou o contrário :)

Já agora também o caminho, já que nos tolda o olhar...

Obg, pela leitura e apreciação.

Bjo

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