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12

Ser criança é achar tudo grandioso:
mais ou menos que nem
viver na cidade grande –
até o cheiro é parecido.
Talvez a grande sacada
dos velhos seja ser
criança mais uma vez
antes de morrer –
mas pra que esperar tanto?
Ficar tardes inteiras
só olhando pra cima,
ou jogando bola dentro do quarto,
ou montando
aquele velho quebra-cabeça
só pra desmontar de novo!
Vida besta é essa
de se achar eterno,
fazer e acontecer
como se nada fosse acabar.

Dá impressão que tudo é bobagem e vento –
e por que que cê taria errado?
A constatação da nossa própria impotência
é que nos leva ao sonho da onipotência…
É fróide!

Não é preciso um deus
para nos sentirmos inferiores…
Já se sentiu vazio
por não ter deus no coração?
Mas quem foi que disse
que um deus pode te preencher?
Nem uma legião de deuses
poderia encher
esse fausto coração,
nem todos os panteões talvez o pudessem…

Próxima parada:
sensação de que todo tempo é perdido –
mas o que seria não perdê-lo?
Trabalhar, ganhar dinheiro,
comprar carro do ano e comer
um monte de mina da hora?
Fazer a revolução,
compor a grande sinfonia,
inscrever seu nome nas páginas da história?
Não perca tempo com isso –
deixe os frutos
e os espinhos do trabalho –
por ora, prestigie suas flores…

Mais que a vida eterna,
a obra interminável,
cuja razão de ser
seja suas possíveis interpolações.

Experimente acrescentar
uma frase sua
no meio de tudo o que você lê: ________________________________________
________________________________________
________________________________________

Oh, doce farniente,
livra-me do amaro factótum!
Entrando nesses pormaiores,
em que posso lhe ser fútil?
Nem nos ócios do ofício!

Não vê que tua doença é minha terapia?!
Quando você pensa
que está perdendo tempo,
não tem nada melhor
pra pensar no momento.

És o vil do servil, o rés do resto –
e o resto é resto, réstia de nada,
rasto de arrasto, rasto.

Você não é Nada –
mas Tudo o Mais ainda é Menos!
És muitos, e isso ainda é muito pouco.

Você é responsável pelo que batiza.
Você sempre demora
pra enxergar o que vê.
Nunca pede a opinião alheia
enquanto a sua não estiver formada,
mas finge que não percebe
o quanto isso te aparta
dos argumentos
de ambas as faces da dúvida
e que isso só te deixa
uma certeza muito pálida.

Se arrepia com palavras
como diáfano, plangente,
capitoso, gloríola.
Paira iluminado e triste,
tergiversa,
entenebrece e volta a pousar,
momentoso e pancreático.
Almeja cindir
seu redor imaterial,
agita-se devagar,
como se fosse iminente.
Mastiga abstrato
e cospe de lado
adjetivos eruditos.
Você é o seisdobro de zero à esquerda,
mas finge-se enorme e se estufa mais,
ignorantão, aumentativo,
molambento de noves fora.
Objeto abjeto,
absoluto obsoleto,
estreme estrume.

Notatis notando,
a mocinha se põe em flagrante delito
e fica estupefata diante de si lesma.
Quiçá só desmando de autocrítica –
“sei que sou meia louca, mesma”.
Nada. Só uma bela suspeição
do resto da humanidade.
Aí de cima do teu ALTO CONHECIMENTO,
desconhece-te assim mesmo!

Mistura amor com ódio, gêmeo com gênio,
flamingo com flamengo, arroz com feijão,
mas entendeu relativamente rápido –
a vingança é necessária
para a plena paz espiritual
e as proposições errôneas
também fazem avançar
a história da filosofia.
Com efeito colateral,
você se faz de bandido
pra ser mais respeitado.
Palmas de ouro
pra quem merece umas palmadas!
Digníssimo é digno da maior indignação!

Se gritar pega ladrão,
não fica um assustado mais não…
Contra bandido, bandido e meio!
Contra bandido e meio, bandidos;
contra bandidos, mais bandidos
e assim sucessivamente,
até que seja possível
reconstruir um mundo de paz –
se não sobrar ninguém, é claro.

A civilização é mesmo
a coisa mais bárbara que já se inventou!
Contra o lobo, inventou o cachorro;
contra o touro, fabrica bois.
Que venga el toro, pero que venga em bife –
boi morto, vaca é!
Um céu límpido de noturno
e a lua quase risco de tão míngua
e você aí naufragado
nesse ancoradouro onde até
a segurança é uma prisão…

E agora, mané?
Cê tá é espumando o toba, rapá!
Vê se apresenta bem tua farsa,
teu disfarce, encara tua máscara
e enfrenta teu perfil de frente, meu!
Tête-à-tête – interface.
Olha nos olhos do teu espelho
e fala de homem pra homem.
Vidas passadas a limpo
não movem montanhas,
luta sozinho contra os teus moinhos!

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sábado, dezembro 19, 2009 - 23:25

Ministério da Poesia :

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MauroBartolomeu

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