CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Branco e Vermelho
Branco e Vermelho
A dor, forte e imprevista,
Ferindo-me, imprevista,
De branca e de imprevista
Foi um deslumbramento,
Que me endoidou a vista,
Fez-me perder a vista,
Fez-me fugir a vista,
Num doce esvaimento.
Como um deserto imenso,
Branco deserto imenso,
Resplandecente e imenso,
Fez-se em redor de mim.
Todo o meu ser, suspenso,
Não sinto já, não penso,
Pairo na luz, suspenso...
Que delícia sem fim!
Na inundação da luz
Banhando os céus a flux,
No êxtase da luz,
Vejo passar, desfila
(Seus pobres corpos nus
Que a distancia reduz,
Amesquinha e reduz
No fundo da pupila)
Na areia imensa e plana
Ao longe a caravana
Sem fim, a caravana
Na linha do horizonte
Da enorme dor humana,
Da insigne dor humana...
A inútil dor humana!
Marcha, curvada a fronte.
Até o chão, curvados,
Exaustos e curvados,
Vão um a um, curvados,
Escravos condenados,
No poente recortados,
Em negro recortados,
Magros, mesquinhos, vis.
A cada golpe tremem
Os que de medo tremem,
E as pálpebras me tremem
Quando o açoite vibra.
Estala! e apenas gemem,
Palidamente gemem,
A cada golpe gemem,
Que os desequilibra.
Sob o açoite caem,
A cada golpe caem,
Erguem-se logo. Caem,
Soergue-os o terror...
Até que enfim desmaiem,
Por uma vez desmaiem!
Ei-los que enfim se esvaem,
Vencida, enfim, a dor...
E ali fiquem serenos,
De costas e serenos.
Beije-os a luz, serenos,
Nas amplas frontes calmas.
Ó céus claros e amenos,
Doces jardins amenos,
Onde se sofre menos,
Onde dormem as almas!
A dor, deserto imenso,
Branco deserto imenso,
Resplandecente e imenso,
Foi um deslumbramento.
Todo o meu ser suspenso,
Não sinto já, não penso,
Pairo na luz, suspenso
Num doce esvaimento.
Ó morte, vem depressa,
Acorda, vem depressa,
Acode-me depressa,
Vem-me enxugar o suor,
Que o estertor começa.
É cumprir a promessa.
Já o sonho começa...
Tudo vermelho em flor...
Camilo Pessanha
Submited by
Poesia Consagrada :
- Se logue para poder enviar comentários
- 438 leituras
other contents of CamiloPessanha
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Fotos/ - | Camilo Pessanha | 0 | 1.069 | 11/23/2010 - 23:37 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Final | 0 | 837 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Voz débil que passas | 0 | 794 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Se andava no Jardim | 0 | 1.054 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Singra o navio. Sob a agua clara | 0 | 888 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Ó meu coração torna para traz | 0 | 918 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Esvelta surge! Vem das aguas, nua | 0 | 991 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Soneto | Desce em folhedos tenros a collina | 0 | 857 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Soneto | Tatuagens complicadas do meu peito | 0 | 1.192 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Estátua | 0 | 643 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Caminho | 0 | 890 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Interrogação | 0 | 779 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Viola Chinesa | 0 | 866 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Castelo de Óbidos | 0 | 791 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Violoncelo | 0 | 803 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Ao longe os barcos de flores | 0 | 933 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Fonógrafo | 0 | 924 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | II A Morte, no Pego-Dragão | 0 | 711 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | E eis quanto resta do idílio acabado | 0 | 1.111 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Inscrição | 0 | 786 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Passou o Outono já, já torna o frio... | 0 | 856 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho | 0 | 802 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Ao meu coração um peso de ferro | 0 | 827 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Chorae arcadas | 0 | 737 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Canção da Partida | 0 | 887 | 11/19/2010 - 15:49 | Português |
Add comment