CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Esquecer é ser esquecido

Esquecer é ser esquecido e saudade a substância do vidro,

Um adormecer em forma de dom, em que consciência
E apego são bastardos naturais de uma mesma escara,
Nascidos no ventre uma de outra como tumores, abscessos
Malignos, ambos com igual instinto, cada um nega
Parentesco e origem, coisa triste o’dormecer da vontade,

Confesso a indiferença, sobrevivo nulo perante crenças
Fuinhas, confundo a porta dos fundos com a plateia,
Sendo eu próprio escalador de vácuos e espectador
Assumido de mim mesmo, que o digam os acenos
Sem conteúdos, as palmas de despedidas, mas eu atuo
Como um deus seminu de brilho, não suporto fingidas cenas,

Sou opinativo do tutano à nuca por não ter certezas
Concluídas nem nunca um modo de ver tão simples
Quanto o espectro da candura, sou por direito absoluto
Monarca como fardo, e um tísico embora o meu espirito
Seja dono do mundo por não haver outro, tirando este
O qual amo mais que tudo, esquecer é ser esquecido,

Nasci liberto de domínio e é assim que serei, desprezo
Tiranos altivos como proas de navios decretando quem
Morre e quem fica perene, embora cacos de lembranças.
Tudo é poesia, até o que se esquece, acontece-me às vezes
Esquecer aquilo que não quero e concluo ser alergia
Ao que suponho querer e não me faz falta nem quero,

Esqueço em homenagem a mim próprio e ao absurdo
Ensejo que é ser suposto facto e não ciente realidade,
Qual ritual duvido de coração e alma. Agora é pra sempre,
Fui descuidado na seleção do que se esquece, esqueci
Ainda ontem a utilidade como se fosse uma derrota
E a saudade do que hei-de ser eu não, a ilusão do sonho

Ou o trinfo da morte concreta, o crepúsculo não se
Mede, nem é uma ciência, do meu coração às vezes
Duvido, mente-me acerca de um régio destino e eu
Indigno do que creio ter, um raro instinto de poente,
Saudade é gente que o esforço não apagou e a maioria
Vive em mim, ser esquecido é esquecer, escolha-visco.

Admito tecer por dentro uma teia com fios de vidas
Que mais parecem sonhos de vidas que não tenho
Mas conheço ainda que doa não ser eu um outro ser
Menos fragmentado entre consciência do desapego,
O chocolate e a cereja, o paladar da estranheza,
O prazer de ser esquecido como manifesto à indiferença,

Encaro-me com o desapego que tão dolorosamente
Represento a sós comigo, chamo-lhe de “necessidade
De me sentir vivo” essencial à falha de que me rodeio,
Sem que me aperceba não sou eu, mas um outro eu,
Semelhante a mim mesmo e enfim esquecido,sobejo  …

Joel Matos (Junho 2020)
http://joel-matos.blogspot.com

https://namastibet.wordpress.com

Submited by

segunda-feira, setembro 28, 2020 - 15:47

Poesia :

Your rating: None (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 8 semanas 1 hora
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Comentários

imagem de Joel

obrigado pela leitura e pela partilha

obrigado pela leitura e pela partilha

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Títuloícone de ordenação Respostas Views Last Post Língua
Poesia/Geral Em Vila, Praia ou Âncora … 1 1.392 02/20/2018 - 18:03 Português
Ministério da Poesia/Geral Pedra, tesoura ou papel..."Do que era certo" 1 2.559 06/21/2021 - 16:21 Português
Ministério da Poesia/Geral Rua dos Douradores 30 ... 1 1.832 06/21/2021 - 16:25 Português
Ministério da Poesia/Geral "Semper aeternum" 13 3.165 10/16/2018 - 09:28 Português
Ministério da Poesia/Geral A hora é do tempo, a Ágora 10 1.297 03/21/2018 - 13:31 Português
Ministério da Poesia/Geral Ânsias ...lais de guia... 92 2.195 10/22/2019 - 15:33 Português
Ministério da Poesia/Geral Antes de tud’o mais ... 13 2.212 10/16/2018 - 09:30 Português
Poesia/Geral Cumpro com rigor a derrota 1 951 06/21/2021 - 15:36 Português
Ministério da Poesia/Geral Doce manifesto da vida 50 1.354 10/22/2019 - 15:32 Português
Ministério da Poesia/Geral Excerto “do que era certo” 1 1.576 06/21/2021 - 16:25 Português
Poesia/Geral I can fly ... 11 3.226 10/16/2018 - 09:41 Português
Ministério da Poesia/Geral JOEL MATOS 14 3.323 10/16/2018 - 09:31 Português
Poesia/Geral Morto vivo eu já sou … 496 3.742 05/09/2019 - 11:06 Português
Ministério da Poesia/Geral O avesso do espelho... 5 1.824 03/01/2020 - 21:02 Português
Poesia/Geral O erro de Descartes 479 2.844 04/09/2019 - 11:49 Português
Ministério da Poesia/Geral O Estado da Dúvida 2 1.895 01/24/2020 - 21:05 Português
Prosas/Contos O Transhumante Ou "Versus de Montanya Mayor" 1 2.476 02/28/2018 - 17:11 Português
Ministério da Poesia/Geral Peixes ... 10 2.484 05/25/2018 - 09:31 Português
Poesia/Geral Por onde passo não há s’trada. 30 284 02/18/2024 - 21:21 Português
Ministério da Poesia/Geral Pra'lém do sonhar comum ... 80 2.447 10/22/2019 - 15:03 Português
Ministério da Poesia/Geral Puder-eu-o-ter 10 1.423 08/07/2018 - 16:44 Português
Ministério da Poesia/Geral V de Vitória - Revolução - 537 4.480 04/03/2019 - 16:43 Português
Poesia/Geral “Mea Culpa” 5 653 11/29/2022 - 22:37 Português
Poesia/Geral "Ida e volta" 10 1.843 05/25/2018 - 09:39 Português
Ministério da Poesia/Geral "Je ne dis rien, tu m'écoutes" 468 4.213 03/30/2019 - 17:13 Português