CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
My lady blues
O teu olhar é uma auto-estrada que acaba no meu horizonte…
Ao fim de mim guardo o tudo de tudo que em ti me nasceu.
Resumir-te a seres minha era o nada de tanto que és.
E conhecer-te inteira era um peito vazio que encerraria o passado.
Aqui te guardo…
Junto ao perfume das cartas que trocamos sentidas.
Tu és o que eram os sonhos…
Os livros e os filmes sentados no chão,
o kerouak e eu numa poeira de música
ou as rosas vomitadas na garganta do gowan
e tu a dançar…
Os borrões a girarem no pavilhão do “Dramático”
E o Peter Gabriel a cantar para nós…
“Climbing up sollsbury hill
I could see the city light”…
E mundo tinha princípio, e o fim...
Era uma fronteira que transbordava de esperança
na seda de um acorde dos Stones.
Confesso que és isto e não terminas em ti…
Como chuva…
E tu na faculdade a cativares revoluções.
Eu na alameda depois do trabalho, encharcado.
E a greve, as palavras de ordem,
os teus Gandhi´s, os Guevaras com o meu amor nos tempos de cólera.
Amava-te, amo-te assim sem mais nem porquês,
mesmo que não te achasse parecida com Audrey Hepburn,
mesmo que o teu Guevara não fosse o meu Lenine
e ainda que insistisses em ser do Benfica só para me gozares,
amava-te e amo-te como tempo que foi.
Os sábados na feira da ladra depois do “bar do loucos”,
do “Gingão”…
Eras o sol numa cidade de fado...eras o meu "blues".
E nós ali, a ver o dia germinar no Jardim S.Pedro de Alcântara…
A Fecundar gemidos numa pensão da baixa,
trémulos a enrolar lençóis no rubor dos lábios que se tocavam em orgasmo…
amo-te…e depois?
E depois…
O adeus...sem armas e sem Hemingway.
Quando fui.
E pensavas que era para sempre dorida de lágrimas, a sofrermos...
Tanto...
Mas até aí eu te amava.
Sabes que pareciam socos no estômago?
Eu e tu numa cena quase "felliniana" a adivinhar as certezas,
porque os cem anos de solidão estavam na tua casa,
na estante do teu quarto, no teu coração…
Voltei para lê-lo, para te ler, para te ver, para dançar a “valsinha”,
depois da “opera do malandro”…
Achas que conseguia viver sem o Buarque,
sem o Djavan a pintar de lilás, a estação do rossio
sem os vinis, sem o Satre, sem os camaradas,
sem os Velvet Underground... sem ti magic woman?
Voltei num eléctrico chamado desejo e deixei o lodo que de mim
restava, no cais das colunas.
Agora o abraço sabe a tudo o que fomos e é enorme como o passado.
Sei que és isto e não terminas em ti.
Hoje consigo ver nos teus olhos, tudo…
Porque o teu olhar é uma auto-estrada que acaba no meu horizonte...
Ao fim de mim, guardo o tudo de tudo que em ti me nasceu…
Amor.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 901 leituras
Add comment
other contents of Lapis-Lazuli
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Aforismo | Adeus | 6 | 770 | 03/04/2010 - 13:01 | Português | |
Poesia/Amor | Mesmo que o amor morrer | 7 | 1.086 | 03/03/2010 - 11:19 | Português | |
Poesia/Intervenção | Prémio Nobel | 4 | 658 | 02/28/2010 - 20:55 | Português | |
Poesia/Meditação | Por todas as manhãs nascidas | 2 | 639 | 02/28/2010 - 02:16 | Português | |
Poesia/Meditação | Rosa de Istambul | 2 | 921 | 02/27/2010 - 03:22 | Português | |
Poesia/Dedicado | Até cair | 2 | 847 | 02/25/2010 - 02:18 | Português | |
Poesia/Intervenção | Cravado de fogo | 2 | 964 | 02/25/2010 - 02:15 | Português | |
Poesia/Aforismo | Afinidades | 3 | 893 | 02/23/2010 - 20:43 | Português | |
Poesia/Geral | Tens um granda par de mamas | 6 | 1.413 | 02/23/2010 - 19:39 | Português | |
Poesia/Aforismo | O principio do esquecimento | 2 | 848 | 02/23/2010 - 13:32 | Português | |
Poesia/Intervenção | Para no fim desembocar num sopro | 3 | 815 | 02/21/2010 - 18:04 | Português | |
Poesia/Intervenção | Partitura perpétua | 1 | 610 | 02/21/2010 - 01:36 | Português | |
Poesia/Amor | O outro lado do mundo | 2 | 943 | 02/18/2010 - 01:52 | Português | |
Poesia/Aforismo | Sombras chinesas | 2 | 1.201 | 02/17/2010 - 19:03 | Português | |
Poesia/Intervenção | "Memória das minhas putas tristes" | 3 | 1.482 | 02/15/2010 - 11:23 | Português | |
Poesia/Geral | De crua voz | 5 | 804 | 02/15/2010 - 02:15 | Português | |
Poesia/Dedicado | Aquele abraço | 4 | 1.635 | 02/14/2010 - 00:51 | Português | |
Poesia/Dedicado | Das tuas lágrimas me fiz rio | 4 | 566 | 02/12/2010 - 21:57 | Português | |
Poesia/Aforismo | O cancro que tinha um homem | 3 | 1.069 | 02/12/2010 - 03:34 | Português | |
Poesia/Intervenção | Amor assassino | 3 | 841 | 02/12/2010 - 00:07 | Português | |
Poesia/Paixão | Missa de corpo presente | 2 | 1.078 | 02/11/2010 - 02:45 | Português | |
Poesia/Dedicado | Vagas moribundas | 3 | 900 | 02/09/2010 - 17:32 | Português | |
Poesia/Amor | Independência | 1 | 604 | 02/08/2010 - 02:07 | Português | |
Poesia/Geral | Corrente alterna | 3 | 881 | 02/07/2010 - 23:30 | Português | |
Poesia/Amor | Se voltares | 4 | 675 | 02/07/2010 - 18:18 | Português |
Comentários
Re: My lady blues
Lapis,
Um poema espertacular desse fica guardado dentro de nós como uma música favorita que se repete e nunca esquecemos...
:-)