Adeus

Deus…
Que te deu então?
Esqueceste as bengalas cansadas, onde o mundo se ampara?
Que ventos te sopram selvagens, quando soltas a ira na terra?
És mentira…uma miserável mentira.
A ignorância dos povos, ao consagrarem culto á expiação dos seus erros.
Quando o remorso corrói em denuncias assassinas o ego lancinante.
És lavra quimérica das esperanças sumidas,
Não existes senão na iniquidade dos homens.
Troças em ascos na lisura da fome.
Mentor nuclear da terra queimada...
Deus… que invenção és assim em pecado?
Fruto da discórdia entre Abel e Caim.
Progresso do ódio que grassa nos dias.
E a miséria?
E a inveja?
E o fim?
Explica-te malvado deus inventado…
Que infectas o mundo na tua ideia.
Omnipotente logro da humanidade
Enredada em pinturas da última ceia.
Milhões hoje se agacham sem um porquê…
Clamando que queiras amainar sua dor.
Mas tu, mau-olhado da condição humana,
Contaminas de mal a palavra amor.
És a pior enfermidade do mundo.
Esquizofrenia amparada na fraqueza da fé.
Deus da opulência nos altares e nos templos
Que sorve em cálices de ouro, sangue da ralé.
Se a tua mentira tivesse um corpo…
Numa recôndita esquina onde luz espairecesse
Trespassava teu cortiço com facas de raiva…
Para que a maldade em ti, desaparecesse.
Gargalhas de escárnio as esmolas que dás
Caridade maligna em que se tentam maçãs
Atraiçoas as noites de vício e penúria,
Consagras em equívocos o clarão das manhãs.
E eu na cama ás cinco de uma tarde, já tarde…
Em delírio de fim, na noite que me desterra,
Forçarei minha voz de silêncio, no teu nome;
Gritarei minha mãe que de novo que me espera…
Aí…de novo, se houver justiça
Serei uma força que morre mas luta
Ás portas do céu não te acredito
Por seres um "eterno" filho da puta.