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O desilusionista
Não estou aqui para disfarçar!
Nem para anestesiar consciências.
Não estou aqui para entreter!
Nem para aliviar consequências!
Não sou entretenimento, nem alento,
nem remédio para dores intrínsecas.
Não estou aqui para encobrir de ilusões,
com véus sujos de intransparência
(ou com falsas e poéticas construções),
as verdades íntimas de nosso tempo.
Não estou aqui para pregar falsas ideias de salvação,
nem expor imagens sobre um além-mundo imaginário
que nos assombra e nos enverga como um peso insuportável
a nos frenar e a nos barrar, temendo uma falsa perdição.
Não sou uma porta pela qual todos possam fugir de seus mais íntimos temores.
Não me alicio ao imaginário comum, nem tampouco a esse romantismo sexualizado,
na tentativa dissimulada de fugir de meus mais selvagens e grotescos instintos.
Não alimento a ilusória imagem de um futuro evoluído,
no qual todos possamos viver em paz (com os outros ou com nós mesmos).
Não alimento a patologia cotidiana, a qual chamamos de vida moderna.
Não permaneço aquém ou além, mas, sim, e principalmente, contra meu tempo!
Não estou aqui para confundir fé com religião
(esta mesma que mais serviu para separar do que para unir os homens),
até porque uma me alimentaria apenas com migalhas
e a outra (caso eu permitisse) me sugaria todas as forças:
apenas a eterna e perpétua dúvida nutre-me e me encoraja
a seguir em frente e transformar minhas fraquezas em forças,
e minhas dores em aprendizado, e meu caos em calmaria.
Não estou aqui para compor as máscaras que são os escudos
e as vias mais fáceis para a fuga psicológica
deste mundo cheio de fingimento e completamente vazio de sentido.
Não vivo contra, nem apenas em prol, mas, sim, além de minha natureza.
Não fujo da transvaloração dos valores deste mundo,
nem do confronto entre a bipolaridade deste ambiente indiferente
e a dualidade de minha natureza sempre complexa.
Não fujo da responsabilidade de quebrar tabus,
na tentativa de amenizar o mal-estar da civilização
(o qual sinto como um câncer a me consumir!)
Não permito que o que possuo valha mais do que o que sou,
nem que as coisas que tenho um dia possam me possuir.
Não deixo um falso mundo metafísico sobrepor-se ao mundo sensível.
Não revivo nem vivo a remoer as mesmas angústias de eras anteriores,
nem permito que elas sejam continuadas em experiências contemporâneas.
Não me vejo na imagem puritana e ilusória
em que cada um de nós acredita refletir-se no espelho da consciência.
Não me estrago no conforto sufocante em que a rotina tenta me afogar.
Não me estrago no mais primaz dos valores dogmático-religiosos: "amai ao próximo".
Eu não amo o próximo. Pelo contrário. Enojo-me dele!
Enojo-me deste mundo no qual a corrupção (em todas as esferas e estratos)
seja vista como conduta padrão, e a falta de respeito seja vista como conduta de espertos sobre tolos;
enojo-me deste homem brutal capaz de exercer maldade gratuita sobre seu semelhante;
enojo-me deste mundo no qual a burrice, a estupidez, a arrogância e o mau gosto
sejam vistos como algo a ser louvado e admirado;
enojo-me desta geração narcisista e individualista ao extremo
ávida por motivos para sentir repulsa a si mesma,
quando, na verdade, causa nojo por tudo aquilo que ela mesma produz e reproduz.
Enojo-me do homem que trocou grande parte de sua felicidade por um tipo de segurança ignorante.
Enojo-me do homem que se esquece que
cada escolha é uma renúncia,
cada dia a mais é um a menos,
cada cifra a mais é liberdade e felicidade de menos,
caminhos velhos levam sempre aos mesmos destinos,
cada criança mal educada a mais é um cidadão nobre a menos,
cada criança mal amada a mais é um cidadão amoroso a menos,
cada morte cinza a mais é vida verde e azul a menos.
E, mesmo com o advento das ciências, e das artes em geral,
como artifícios de sublimação do sofrimento,
o homem ainda não obteve o contentamento da felicidade.
Os limites da cultura na qual estamos inseridos ainda são fortes geradores de infelicidade,
ao passo que a exigência imposta por esta mesma civilização culta torna a meta pela felicidade algo impossível!
Mas, tão subjetiva quanto todas as teorias filosóficas é a visão de mundo de cada um de nós;
e o que é errado e grave para uns, pode não ser tanto assim para outros.
A nossa diversidade é a mais sublime de nossas características
e também a maior de nossas maldições.
E, infelizmente, a consciência que nos torna diferente de todos os outros animais
é a mesma força, impregnada de maldade, que nos destrói e nos faz destruir a tudo a nossa volta.
Eis o homem: câncer do mundo!
Nem para anestesiar consciências.
Não estou aqui para entreter!
Nem para aliviar consequências!
Não sou entretenimento, nem alento,
nem remédio para dores intrínsecas.
Não estou aqui para encobrir de ilusões,
com véus sujos de intransparência
(ou com falsas e poéticas construções),
as verdades íntimas de nosso tempo.
Não estou aqui para pregar falsas ideias de salvação,
nem expor imagens sobre um além-mundo imaginário
que nos assombra e nos enverga como um peso insuportável
a nos frenar e a nos barrar, temendo uma falsa perdição.
Não sou uma porta pela qual todos possam fugir de seus mais íntimos temores.
Não me alicio ao imaginário comum, nem tampouco a esse romantismo sexualizado,
na tentativa dissimulada de fugir de meus mais selvagens e grotescos instintos.
Não alimento a ilusória imagem de um futuro evoluído,
no qual todos possamos viver em paz (com os outros ou com nós mesmos).
Não alimento a patologia cotidiana, a qual chamamos de vida moderna.
Não permaneço aquém ou além, mas, sim, e principalmente, contra meu tempo!
Não estou aqui para confundir fé com religião
(esta mesma que mais serviu para separar do que para unir os homens),
até porque uma me alimentaria apenas com migalhas
e a outra (caso eu permitisse) me sugaria todas as forças:
apenas a eterna e perpétua dúvida nutre-me e me encoraja
a seguir em frente e transformar minhas fraquezas em forças,
e minhas dores em aprendizado, e meu caos em calmaria.
Não estou aqui para compor as máscaras que são os escudos
e as vias mais fáceis para a fuga psicológica
deste mundo cheio de fingimento e completamente vazio de sentido.
Não vivo contra, nem apenas em prol, mas, sim, além de minha natureza.
Não fujo da transvaloração dos valores deste mundo,
nem do confronto entre a bipolaridade deste ambiente indiferente
e a dualidade de minha natureza sempre complexa.
Não fujo da responsabilidade de quebrar tabus,
na tentativa de amenizar o mal-estar da civilização
(o qual sinto como um câncer a me consumir!)
Não permito que o que possuo valha mais do que o que sou,
nem que as coisas que tenho um dia possam me possuir.
Não deixo um falso mundo metafísico sobrepor-se ao mundo sensível.
Não revivo nem vivo a remoer as mesmas angústias de eras anteriores,
nem permito que elas sejam continuadas em experiências contemporâneas.
Não me vejo na imagem puritana e ilusória
em que cada um de nós acredita refletir-se no espelho da consciência.
Não me estrago no conforto sufocante em que a rotina tenta me afogar.
Não me estrago no mais primaz dos valores dogmático-religiosos: "amai ao próximo".
Eu não amo o próximo. Pelo contrário. Enojo-me dele!
Enojo-me deste mundo no qual a corrupção (em todas as esferas e estratos)
seja vista como conduta padrão, e a falta de respeito seja vista como conduta de espertos sobre tolos;
enojo-me deste homem brutal capaz de exercer maldade gratuita sobre seu semelhante;
enojo-me deste mundo no qual a burrice, a estupidez, a arrogância e o mau gosto
sejam vistos como algo a ser louvado e admirado;
enojo-me desta geração narcisista e individualista ao extremo
ávida por motivos para sentir repulsa a si mesma,
quando, na verdade, causa nojo por tudo aquilo que ela mesma produz e reproduz.
Enojo-me do homem que trocou grande parte de sua felicidade por um tipo de segurança ignorante.
Enojo-me do homem que se esquece que
cada escolha é uma renúncia,
cada dia a mais é um a menos,
cada cifra a mais é liberdade e felicidade de menos,
caminhos velhos levam sempre aos mesmos destinos,
cada criança mal educada a mais é um cidadão nobre a menos,
cada criança mal amada a mais é um cidadão amoroso a menos,
cada morte cinza a mais é vida verde e azul a menos.
E, mesmo com o advento das ciências, e das artes em geral,
como artifícios de sublimação do sofrimento,
o homem ainda não obteve o contentamento da felicidade.
Os limites da cultura na qual estamos inseridos ainda são fortes geradores de infelicidade,
ao passo que a exigência imposta por esta mesma civilização culta torna a meta pela felicidade algo impossível!
Mas, tão subjetiva quanto todas as teorias filosóficas é a visão de mundo de cada um de nós;
e o que é errado e grave para uns, pode não ser tanto assim para outros.
A nossa diversidade é a mais sublime de nossas características
e também a maior de nossas maldições.
E, infelizmente, a consciência que nos torna diferente de todos os outros animais
é a mesma força, impregnada de maldade, que nos destrói e nos faz destruir a tudo a nossa volta.
Eis o homem: câncer do mundo!
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segunda-feira, outubro 10, 2016 - 19:18
Poesia :
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O desilusionista
"Permita que eu me apresente."
(Apenas um pequeno desabafo...)