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O punho dos inválidos

Esta história chama-se Victor…
Tem para lá dos cinquenta, mas poucos.
Morre num tasco em Queluz com gastos antecipados da reforma prematura num ficar de réstias vontades em quimeras absintas.
Este Victor tarefeiro, com boas vontades ao vinho faz recados de pobreza na cirrose dos seus dias.
Tem os olhos travados num trago de sol com bronzeio etílico no arredondo da cara engarrafada de tintos…
O Victor desta história é Vítor…
Roubaram-lhe o C ao nome, serventes da construção, mecânicos á hora da mini e bêbados sem consoantes.
Conheço-o porque lhe bebo os movimentos do tempo quando o Vítor era Victor.
Chefe de operários numa fábrica metalúrgica onde me vi a trabalhar a aprender com os maiores.
Do respeito a que não se dá, tinham-lhe então engenheiros cuidados considerados pela sua fronte erguida com o punho do trabalho.
Eu que lhe fui delfim, sob ordens e nos copos, vejo-lhe escárnios sorrisos aos inúteis seres de nada que lhe enchem olhos com garrafas de miséria.
Esta história chama-se Victor…
Da mulher já que lhe foi, dos filhos que nunca teve, dos turnos feitos à noite, das vontades sindicais e do vinho que o reformou.
Por centos de incapacidade num delírio de horas feitas, cunhou os dedos de entorto numa prensa proletária.
Disseram-lhe então seguros, trinta anos de descontos, juntas médicas, tribunais, que o Victor em percentagem seria uns dez por cento de homem a abater.
Agora sempre vermelho do copo e do coração acarta compras ás vizinhas, arranja pingos nas torneiras, pinta de verde algerozes, varre pátios, limpa entulhos, responde sem consoantes que lhe roubam por uns trocos a troco de uma garrafa.
Suspeito-o tantas vezes á míngua com a reforma para o pão que abisma a humilhação nas dádivas de frutas sobrantes nos minimercados do bairro.
No entanto dia 19 de Maio vi o Victor em Lisboa…
Éramos 300.000 e o Victor com o C estava parado no passeio em sentinela operária.
Esta história chama-se Victor…
Morre num tasco em Queluz com gastos antecipados da reforma prematura num ficar de réstias vontades em quimeras absintas.
Talvez lhe falte para o vinho o bilhete do comboio…
Mas agora e sempre…
O Victor está presente…consoante a razão da luta!

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segunda-feira, junho 14, 2010 - 00:50

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Lapis-Lazuli

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Comentários

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Re: O punho dos inválidos

Roubas-me as palavras ao comentário...

Esta história chama-se Victor…
Morre num tasco em Queluz com gastos antecipados da reforma prematura num ficar de réstias vontades em quimeras absintas.
Talvez lhe falte para o vinho o bilhete do comboio…
Mas agora e sempre…
O Victor está presente…consoante a razão da luta!

Grande, enorme o teu escrito e como são sempre

Abraço
Nuno

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