CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Balthasar (enxerto)

Balthasar de Hirabia (em Gobi ) enxerto

Balthasar possuía longas barbas brancas como os suaves luares, rosto vergado pelos solstícios, era o único morador da longínqua Hirabia, no hostil deserto do Gobi.
Deixara uma carreira de geólogo ao serviço da enriquecida indústria petrolífera por um sonho antigo, abraçar o Deserto, no mais profundo silêncio que o espírito pudesse ouvir.
Não sentia a falta de horários, gentes e cidades. Via apenas o rasto de grandes aviões, cada dia mais numerosos sulcado o céu azul, com outros rumos, indiferentes a ele. Na noite contava as estrelas e constelações das quais ouvira apenas falar aos mais velhos das cidades cinzentas.
Aumentava diariamente o número de raposas do deserto famintas com que Balthasar tinha de partilhar a pouca comida que conseguia criar na pequena horta, ameaçada pela areia, nas traseiras das casas.
Casas Paralelepípedos da mesma cor do deserto e também elas desertas que davam um aspecto cubista à pequena colina dunal , uma única rua de areia ligava-a ao grande oceano de dunas e poeiras .Tinham partido todos para trabalhar nas grandes obras, nas magníficas mega construções humanas.
Os ventos, soprando das cidades longe,cada dia traziam mais e mais o cheiro a pestilência, ele sentia próximo os dias do fim, os dias em que também os seres humanos teriam de mendigar por comida, como as raposas suas vizinhas.
Nos céus, cada dia mais cinzentos ,deixou de ver as estrelas, os sons das máquinas estavam mais próximos, os aviões tornavam os dias nublados mas os seres humanos continuavam, cegamente a construir estradas e cidades , a destruir o único lugar onde poderiam viver.
Balthasar sabia-o, quando deixou para trás os homens , sabia que aqueles seriam os seus últimos dias de paz, em que poderia ver as estrelas e as constelações, de que tanto lhe falavam os antigos. Balthasar sentiu que os seus dias de ancião chegavam ao fim, feliz por os ter partilhado com a natureza, apesar de parecer inóspita e com as suas amigas,as lindas raposas famintas do deserto.

Jorge Santos

Submited by

domingo, dezembro 27, 2009 - 19:01

Prosas :

Average: 5 (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 6 semanas 1 dia
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Comentários

imagem de Joel

No mais profundo silêncio que o espírito pode ouvir.

No mais profundo silêncio que o espírito pode ouvir.

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Geral Até que mais seja 33 1.052 02/17/2022 - 11:28 Português
Poesia/Geral Send'a própria imagem minha, Continuo'a ser eu ess’outro … 18 2.605 01/21/2022 - 19:07 Português
Poesia/Geral Perfeitos no amor e no pranto … 46 1.498 01/20/2022 - 23:04 Português
Ministério da Poesia/Geral O facto de respirar … 43 2.510 01/19/2022 - 21:36 Português
Poesia/Geral Não me substituam a realidade 36 820 01/15/2022 - 10:31 Português
Ministério da Poesia/Geral Sou tudo quanto dou e devo ... 18 1.457 01/04/2022 - 19:16 Português
Poesia/Geral Cada um de todos nós é todo'mundo, 31 1.487 12/11/2021 - 21:10 Português
Poesia/Geral Sou minha própria imagem, 2 1.112 07/01/2021 - 12:50 Português
Poesia/Geral Há um vão à minha espera 2 1.027 07/01/2021 - 12:50 Português
Poesia/Geral leve 4 3.114 06/28/2021 - 15:39 Português
Poesia/Geral Deus Ex-Machina, “Anima Vili” ... 1 2.374 06/24/2021 - 11:38 Português
Poesia/Geral Da significação aos sonhos ... 1 1.711 06/22/2021 - 10:01 Português
Ministério da Poesia/Geral Sonho sem fim, nem fundo ... 1 1.601 06/21/2021 - 16:27 Português
Ministério da Poesia/Geral Absurdo e Sem-Fim… 1 2.170 06/21/2021 - 16:26 Português
Ministério da Poesia/Geral A Rua ao meu lado ou O Valor do riso... 1 2.022 06/21/2021 - 16:25 Português
Ministério da Poesia/Geral Rua dos Douradores 30 ... 1 1.800 06/21/2021 - 16:25 Português
Ministério da Poesia/Geral Excerto “do que era certo” 1 1.563 06/21/2021 - 16:25 Português
Ministério da Poesia/Geral Ladram cães à distância, Mato o "Por-Matar" ... 2 1.971 06/21/2021 - 16:22 Português
Ministério da Poesia/Geral Morri lívido e nu ... 1 1.893 06/21/2021 - 16:22 Português
Ministério da Poesia/Geral Sou "O-Feito-Do-Primeiro-Vidente" 1 1.870 06/21/2021 - 16:21 Português
Ministério da Poesia/Geral Pedra, tesoura ou papel..."Do que era certo" 1 2.538 06/21/2021 - 16:21 Português
Ministério da Poesia/Geral Nada se parece comigo 1 1.598 06/21/2021 - 16:20 Português
Ministério da Poesia/Geral Quantos Césares fui eu !!! 1 1.669 06/21/2021 - 16:20 Português
Ministério da Poesia/Geral "Sic est vulgus" 1 2.488 06/21/2021 - 16:19 Português
Ministério da Poesia/Geral Como morre um Rei de palha... 1 1.612 06/21/2021 - 15:44 Português