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Desistir...Hum
Quarta-feira, 10 de Novembro de 2010
Desistir? Hum...
Se tivesse escrito este texto ontem (reportando-me a 2.ª feira) – como queria – seria bem diferente! Mas estava cansada...Afinal os dias cheios de trabalho, terrivelmente trabalhosos emocionalmente, deixam-nos literalmente no tapete (não, ainda não preciso do divã do terapeuta!!!).
Por um lado, recheado de peripécias gratificantes (as aulas ainda me entusiasmam...), a par de ter feito uma videoconferência para o Brasil – S. Paulo, a convite da Sílvia, sobre o meu processo criativo em termos de poesia, ouvindo ler e comentar um poema meu postado no blogue, com alunos de 11/12 anos...Fantástico!
“Como é que tem estas ideias? – foi uma das perguntas...
Uma menina sentia-se próxima, estava no Brasil há ano e meio, provinha de Oeiras...Conheço...Outra proximidade..
Por isso e por aquilo que não escrevo mas que me fizeste sentir, OBRIGADA amiga !
Por outro lado, a tarde, embora me devesse deixar o meu EU ainda mais rico, foi terrivelmente desgastante. Não me alegrei por ter contribuído para o alívio imediato de uma sobrevivente marcada para a vida. Não sorri sequer interiormente. Não deixei de pensar naquele rosto, de olhar mortiço, mas cor de mar. Não...Tantos nãos! Ela é a Humanidade que está encoberta porque se desvia o olhar. Ela é a parte fraca perante uma cultura machista que ainda se desculpa. Ela é apenas um ser andante, sem alma, sobrevive porque há órgãos físicos que funcionam. Um arremesso de pessoa... Fiz um poema, impunha-se...
Colou-se a sua tristeza à minha. Alargou-se o buraco do vazio que sei que carrego. Já me aceitei, já te aceitei como amigo...e como somos inseparáveis!
Mas hoje (referindo-me a 3.ª feira), escrevo alargando o meu horizonte, já de si atulhado de questionamentos, reflexões, contradições...Uma caldeirada de palavras que parecem já não ter muito sentido. Estamos a gastá-las a desbaratá-las...E quando voltarmos a precisar delas? Estarão tão fraquinhas que precisaremos de mais derivadas e compostas... É que a leitura de um post abanou-me de tal modo que reagi, instintivamente...Não é um post qualquer, chega a ser quase indecifrável. É grito, revolta, acutilante, desafiador, metafísico, silogístico, com laivos de uma escola filosófica.
Merecia um texto (não sei se condigno), mas um TEXTO...
Há palavras, sobretudo verbos, que NÃO QUERO USAR, a não ser no sentido de acção...DESISTIR? Nunca! A VIDA deixa-nos desistir? Engana-se quem assim pensa! Vivemos porque não desistimos de nós e dos outros. Vivemos porque não desistimos do futuro. Vivemos porque o presente se impõe. Vivemos e importamo-nos! Ora vamos lá assumir que afinal até somos cobardes! Queremos viver (ou gostaríamos)...à nossa maneira! Apenas isto....
Eu não desisto.
Reticências...
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