Obnubilado pelo Poente Solar

Obnubilado pelo poente solar, surge enfim a hora da caminha
Caminha, caminha, até não haver mais caminho para caminhar
{nunca há menos para caminhar}: murmurava à leve morrinha
Seu rosto sublinhado pelo ténue retocar da água a escrevinhar

{em Náiades semibreves . sempre semibreves}

Para seus próprios modos – um estranho algures consumido
No abrir da porta, acerca-se o alumiar de uma nova aurora
Seu modesto deambular, o ósculo mais doce: o Sentir remido
Assim, como receptáculo do {semi} eterno, à glória de outrora!

E quando o sorriso do Sol for por frialdade encoberto
Relembra que algures, acredita, a lua ainda o reflectirá
Nas coisas e sua significância, perdura o verdadeiro sentido
O significado das coisas é aquele que depositado subsistirá.

{por vós, por vós! assim se projecta a voz}

Na captação do grande assenta a problemática do quase inteiro,
O pequeno e ínfimo pormenor merece infinitamente a mais sincera atenção
Acresce {n}aquilo que o capta, a matriz celestial e em seu véu o terno aguaceiro
Além irrompe o genuíno arco-íris, não anseias um simples toque, um dar a mão?

Em cruzamentos provenientes de caminhos escolhidos, há opções
A ausência de opção é apenas a opção subentendida, a subtileza
Da paisagem revela-se a perfeição e dos excessos suas remoções,
Ao disfarçar o óbvio - uma proposta à aprendizagem, à vera beleza!

Parece-me óbvio - {até no excesso de escassez}

Sonhando e transpondo para o finito, eis a criação a contemplar
A concepção do infinito é ideal e na sua transladação para o “real”
Viverá para ver, isto e muito mais, quem sonha é porção do sonhar
Um dia constatará: tanto o Sonho como o “real”, qual mais surreal?

{e este será o único poema que algum dia almejei tocar}

Nesta procura incessante por pormenores e suas resultantes simetrias
É estabelecido um ponto comum, tangível, coerente só consigo próprio,
É acaso, amálgama de milhentos factos predestinados, espirais escadarias
O ângulo e a forma de olhar, dependendo, podem tornar-se o singelo Ver.

{mesmo quando não aparenta haver rima a reter – está atento: há sempre rima}

A existência existe, sob e sempre de qualquer forma - é imutável
O todo é o derivado da parte, a parte é o todo - é inalterável
A variação é a única constante. O dado é o recebido – é invariável,
A Criação é permeada por liberdades regradas, isso é o expectável:

{o não esperar por coisa alguma – {e quando não te vires, fecha os olhos e permite-te o amar}}
 

Submited by

Tuesday, September 13, 2011 - 14:55

Poesia :

No votes yet

Papel

Papel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 11 years 31 weeks ago
Joined: 01/25/2010
Posts:
Points: 294

Add comment

Login to post comments

other contents of Papel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Intervention Retrato do Português do Séc. XXI: Essa Rameira Paciente 0 976 03/07/2012 - 22:35 Portuguese
Poesia/Sonnet A Ema III: A Colhedora de Brilho Estelar 0 932 12/12/2011 - 19:33 Portuguese
Poesia/Sonnet *Suspiro*: Até já 0 724 12/12/2011 - 19:28 Portuguese
Poesia/Sonnet A Nós Venha a Una Voz: O Resto de Poeiras Estelares 2 1.162 09/14/2011 - 15:23 Portuguese
Poesia/Thoughts O Pelos oblíquos caminhos do belo 0 1.112 09/13/2011 - 14:56 Portuguese
Poesia/Thoughts Obnubilado pelo Poente Solar 0 939 09/13/2011 - 14:55 Portuguese
Poesia/Thoughts O Sentimento do Ser Pt. I 0 830 09/13/2011 - 14:55 Portuguese
Poesia/Thoughts O Sentimento do Ser Pt II. Cabem mais Pessoas em Vénus do que em Marte. 0 934 09/13/2011 - 14:54 Portuguese
Poesia/Thoughts Após o oiro d’Outono 0 853 09/13/2011 - 14:39 Portuguese
Poesia/Sonnet Somos a Luz do Inefável 0 902 09/13/2011 - 14:38 Portuguese
Poesia/Sonnet Aos meus Amigos: (Ao Sol, ao Mar e à Chuva) 0 867 09/13/2011 - 14:38 Portuguese
Poesia/Sonnet À Reciprocidade do Parceiro: O Divino 0 885 09/13/2011 - 14:37 Portuguese
Poesia/Sonnet Era Estrelado e Ímpar Esse Ímpar Olhar: No Amanhã 0 777 09/13/2011 - 14:37 Portuguese
Poesia/Sonnet Para Quem Quiser Aqui Escutar: Um Ósculo 0 839 09/13/2011 - 14:37 Portuguese
Poesia/Sonnet Palavras Bonitas para Fazer Alguém Especial Sorrir 0 1.159 09/13/2011 - 14:36 Portuguese
Poesia/Sonnet As Flores são Sorrisos Plantados pelo Divino 0 777 09/13/2011 - 14:36 Portuguese
Poesia/Sonnet Estes Lábios: Em Súmula 0 1.164 09/13/2011 - 14:35 Portuguese
Poesia/Sonnet Ao Um e ao Todo: O Agora é Aqui, Agora. 0 880 09/13/2011 - 14:35 Portuguese
Poesia/Sonnet A Maresia é a Poesia do Mar: E Eu Gosto da Mar 0 1.075 09/13/2011 - 14:35 Portuguese
Poesia/Sonnet A do Ósculo Escutado: Daquela Maviosa Melodia 0 896 09/13/2011 - 14:25 Portuguese
Poesia/Sonnet À Pergunta dos Transeuntes: Sim Há 0 1.037 09/13/2011 - 14:25 Portuguese
Poesia/Sonnet Do Sussurro Entoado Pelo Mar: As Ondas Levarão Estas Palavras 0 887 09/13/2011 - 14:24 Portuguese
Poesia/Sonnet O Sorriso Mais Bonito do Mundo: É Apenas Um 0 761 09/13/2011 - 14:24 Portuguese
Poesia/Sonnet Um Soneto de Sol e Lua: Por Um Ósculo (de Imensidão) 0 947 09/13/2011 - 14:24 Portuguese
Poesia/Sonnet O Melhor Sítio Para a Poesia: A Simplicidade (A Minha e a Tua) 0 947 09/13/2011 - 14:22 Portuguese