Supondo-me desperto
Despertei não sei do quê nem como,
Se ainda durmo um tardio febril sonho
Vestido a luto ou se desperto a mando
De alguém morto há séculos e por falecer
Do mesmo mal que me anima ainda pés e tronco
E em que nada combina com vida, nem ar aliado
Ao movimento de sombra e luz que me perdure,
Inútil a alma que, se existisse seria cinza, pó terra
Acabando por se perder na penumbra alada
Desse neutro, negro outro lado, não sei porquê,
Nem onde, mestiça margem d’outro homem,
Vestida a manga, só no decote o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
Maldigo o destino, coso-me ao último, tomara certo,
Não falsa ideia final, do inútil que sou, supondo-me
Desperto, sem uso nem posto, confundo-me
Com as pedras que acariciam meu estéril rosto
E se alinham nas mãos e não no gesso do grotesco busto.
Jorge Santos 06/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 11355 reads
Joel
Add comment
other contents of Joel
| Topic | Title | Replies | Views |
Last Post |
Language | |
|---|---|---|---|---|---|---|
| Ministério da Poesia/General | Com’um grito | 0 | 2.662 | 11/24/2023 - 09:08 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | As palavras apaixonam-me | 0 | 2.634 | 11/24/2023 - 09:06 | Portuguese | |
| Poesia/General | A verdade por promessa | 0 | 2.248 | 11/24/2023 - 09:03 | Portuguese | |
| Poesia/General | “Falar é ter demasiada consideração pelos outros” | 0 | 1.848 | 11/24/2023 - 09:01 | Portuguese | |
| Poesia/General | Meu mar eu sou | 14 | 3.745 | 09/26/2023 - 15:44 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | (Não hei, porque não tento) | 32 | 9.391 | 07/03/2023 - 10:38 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Maldade | 58 | 4.906 | 04/27/2023 - 10:56 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Do que eu sofro | 63 | 4.276 | 04/09/2023 - 20:15 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Doa a quem doa, o doer … | 5 | 3.157 | 11/29/2022 - 21:42 | Portuguese | |
| Poesia/General | “Mea Culpa” | 5 | 3.110 | 11/29/2022 - 21:37 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | “Hannibal ad Portus” | 0 | 3.618 | 11/20/2022 - 19:56 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Do avesso | 0 | 2.372 | 11/20/2022 - 19:50 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Eis a Glande | 0 | 4.658 | 11/20/2022 - 19:48 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Incêndio é uma palavra galga | 0 | 2.625 | 11/20/2022 - 19:47 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Restolho Ardido… | 0 | 3.589 | 11/20/2022 - 19:45 | Portuguese | |
| Poesia/General | Não entortem meu sorriso, | 0 | 4.846 | 11/20/2022 - 19:16 | Portuguese | |
| Poesia/General | Espírito de andante ... | 37 | 8.987 | 05/26/2022 - 15:07 | Portuguese | |
| Poesia/General | Feliz como poucos … | 3 | 4.064 | 03/24/2022 - 12:15 | Portuguese | |
| Poesia/General | Nada, fora o novo ... | 17 | 2.594 | 03/19/2022 - 20:01 | Portuguese | |
| Poesia/General | A tenaz negação do eu, | 8 | 3.823 | 03/19/2022 - 19:58 | Portuguese | |
| Poesia/General | Nunca tive facilidade de | 29 | 26.781 | 03/11/2022 - 17:20 | Portuguese | |
| Poesia/General | Tudo em mim, | 13 | 9.712 | 02/25/2022 - 17:40 | Portuguese | |
| Poesia/General | E eu deixei meus olhos | 12 | 2.794 | 02/25/2022 - 17:40 | Portuguese | |
| Poesia/General | Meu instinto é dado pelos dedos mindinhos | 22 | 4.325 | 02/25/2022 - 17:39 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Sem nada … | 17 | 4.215 | 02/19/2022 - 15:18 | Portuguese |
Comments
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
o tecido é curto, A glote é
o tecido é curto,
A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,