De mãos dadas com a Morte

O sonho de ontem já não existe mais
Desfeito ele foi pelo tempo
O tempo que não está sozinho
Que não para nem por um minuto
Que anda de mãos dada com a Morte
Sorrindo à espreita por onde ando.

Alguém pergunta a minha idade
O ano em que nasci
Como se isso fosse assim tão importante
E eu nem me lembro
Da metade das coisas que aconteceram ontem
Porque a minha memória
Já não consegue armazenar tantas coisas assim.

Encosto minha cabeça no travesseiro
Tenho vontade ficar deitado por muito tempo
E o tempo me escorre pelos dedos
Enquanto uma voz ecoa dentro de mim
Dizendo que não tenho tempo para ficar deitado
O trabalho me aguarda
Os problemas precisam ser resolvidos
E eu tenho mais uma vez que levantar-me e agir.

Quem sou eu para questionar tudo isso
Olhar as misérias da humanidade
E clamar contra tudo o que acontece?
Quem pode fazer alguma coisa
E a pergunta melhor seria o contrário
Quem quer fazer alguma coisa que não seja passar o tempo?

Olhe para as paisagens
Notou como elas mudaram de ontem para hoje?
Com certeza não
Quem observa as mínimas coisas
Que acontecem cotidianamente ao nosso redor?

E ele continua impassível
Com seu olhar altivo, senhor de si, ele sorri
O tempo que tudo revela e nada esclarece
Está de mãos dadas com a Morte
E ela sabe exatamente a hora que chegou o fim do tempo
E sabe também que nada pode ser feito para mudar isso.

Viro para o lado e tento dormir
O meu tempo de divagações acabou
Se quiser me levar fique a vontade
Não tenho nenhum tempo a perder.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Submited by

Wednesday, May 18, 2022 - 18:52

Poesia :

No votes yet

Odairjsilva

Odairjsilva's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 19 hours 28 min ago
Joined: 04/07/2009
Posts:
Points: 16436

Comments

Odairjsilva's picture

Visitem os

Odairjsilva's picture

Visitem os

Odairjsilva's picture

Visitem os

Add comment

Login to post comments

other contents of Odairjsilva

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Love Ao pôr do sol no cais 6 388 06/17/2024 - 23:47 Portuguese
Poesia/Thoughts As distâncias do mundo 6 1.160 06/16/2024 - 13:12 Portuguese
Poesia/Disillusion Em cada despedida 6 527 06/15/2024 - 13:12 Portuguese
Poesia/Disillusion O vento levou 6 361 06/14/2024 - 21:14 Portuguese
Poesia/Meditation Dez pragas terríveis 6 262 06/13/2024 - 23:07 Portuguese
Poesia/Love Teu amor é jardim em flor 6 421 06/12/2024 - 22:31 Portuguese
Poesia/Poetrix Saudades 6 551 06/12/2024 - 04:07 Portuguese
Poesia/Disillusion Recordo-me da morena 6 527 06/11/2024 - 03:10 Portuguese
Poesia/Disillusion Ruminando os pedaços 6 490 06/09/2024 - 13:07 Portuguese
Poesia/Meditation Confusão mental 6 758 06/07/2024 - 13:46 Portuguese
Poesia/Love E a saudade se foi 6 491 06/06/2024 - 12:09 Portuguese
Poesia/Thoughts Um mistério em cada esquina 6 1.270 06/05/2024 - 22:18 Portuguese
Poesia/Love Você é a razão 6 338 06/04/2024 - 20:23 Portuguese
Poesia/Love No olhar dela 6 574 06/04/2024 - 12:04 Portuguese
Poesia/Love Se o amor não faz parte 6 418 06/04/2024 - 02:43 Portuguese
Poesia/Thoughts Caminhos desconhecidos 6 1.307 06/03/2024 - 20:38 Portuguese
Poesia/Dedicated Ser poeta é... 6 397 06/02/2024 - 13:53 Portuguese
Poesia/Love Mil segredos temos nós 6 475 06/01/2024 - 13:42 Portuguese
Poesia/Thoughts Ecos distantes em nossa cabeça 6 1.413 05/31/2024 - 13:46 Portuguese
Poesia/Love Só não sei como te dizer 6 542 05/30/2024 - 20:17 Portuguese
Poesia/Meditation Ignorância 6 467 05/29/2024 - 22:05 Portuguese
Poesia/Love Nunca tenho as palavras certas 6 641 05/28/2024 - 13:40 Portuguese
Poesia/Disillusion Vejo que está feliz 6 412 05/27/2024 - 20:43 Portuguese
Poesia/Thoughts Porcos no poder 6 1.152 05/25/2024 - 13:45 Portuguese
Poesia/Thoughts Circo de horrores 6 1.170 05/24/2024 - 12:09 Portuguese