Morte à Dor

entrelaço, cuidadosamente, finos fios de sentimentos,
como a pequena aranha elabora astuciosamente sua teia,
utilizo o engenho proveniente de meus conhecimentos,
de forma a criar uma indestrutível correia;

... já tenho a corda!

abato a floresta de medo, que o sol não deixa entrar;
avanço para o prelúdio, de cada receio, laminar;
selecciono as corrosivas dores, para o palanque montar;
perfuro um buraco neste chão, para o mastro assentar;

...já tenho palco!

selo com minha alma, a corda ao virtuoso mastro;
concebo um último desejo, antes de minha dor enforcar;
perdoou seus pecados, apago de minha mente seu cadastro;
amarro a corda em seu pescoço, e a morrer a deixo ficar;

...viro costas, e sigo meu caminho; Livre!

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Friday, March 26, 2010 - 00:13

Poesia :

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SerSimplesmente

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SerSimplesmente's picture

Re: Morte à Dor

Obrigado pelas tuas palavras que me confortam.
Eu gosto de imaginar esta dor que não sinto, pois considero-me das pessoas mais felizes do mundo. talvez por isso tenha de recorrer à dor imaginada, para dela tirar as minhas lições.

Já li alguns dos teus poemas, e em alguns perdi mesmo as palavras. Admiro a forma como te exprimes.

Continua a escrever também. Abraço, David

Susan's picture

Re: Morte à Dor

Que bom que até mesmo a dor é capaz de nos inspirar , assim podemos tirá-la de nós mesmos concientemente ou inconscientemente.
Já não sei dizer até que ponto "O poeta é um fingidor ...
finge a deveras dor que sente..."
Beijos
Susan

SerSimplesmente's picture

Re: Morte à Dor

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Já Fernando Pessoa o dizia em sua "Autopsicografia".

Beijos, David

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