LAMBISGÓIAS

Coscuvilheiras.

Línguas soltas
pelo esgoto da rua,
onde as suas palavras são cemitérios
de contos e ditos adulterados.

Damas mascavadas,
podres poses de hálito a mosquitos
que trazem nos olhos as fezes
da sua consciência frívola.

Senhoras de pedra gasta
em som depenado pelo osso
da sua estupidez mórbida.

São sardinhas em cardume alheio.

Maldizentes,
andantes de bafo sujo ao vento
que lhes apaga a alma centrifugada
numa pastilha elástica de mentiras.

Invejosas,
prostitutas de si mesmas rascas
a venderem os seus sussurros
por murmúrios de má fama.

Vizinhas horripilantes
pela sombra de polvos parasitas
que moldam as suas sepulturas sem flores.

Olhares inóspitos
como tempestade atroz
no seu próprio deserto de águas turvas.

Ouvires agnósticos
por onde ecoam carnes ao abandono
no rasto de serpentes que bocejam ciúme
nas suas rugas frustradas.

Lambisgóias
de insignificância sem candeia
nas suas marés curiosas,
ciosas de degraus inseguros
para escalarem a angústia do próximo.

Pecadoras
transidas de trambolhões,
tricotados em morgues tísicas
nas suas mentecaptas mãos de solidão.

Caras poluídas
de voz taciturna na lama dos seus augúrios.

Mulheres perdidas
por galáxias castradas de bem-estar,
sentadas em eternas janelas de inverno
no seu amor próprio.

Reles estercos
que sugam até á última gota de sangue
a alegria dos outros que lhes sacia a maldade.

Vagabundas vulgares
pelo andar dos outros na sua sovinice
com tristeza de viver até à morte.

Elites murchas
nas retinas onde se inventam facadas
na vida dos outros.

São esqueletos esmurrados por escárnio.

Dão risos feridos
pelo dedo que apontam
ao seu reflexo de vespas cruéis.

Suas línguas são ferrões
em nome de um Deus que não as reconhece.

Seus olhos são toupeiras
de prantos obesos de remorso.

Caminham como bestas
no altar da sua ignorância
onde o sol lhes nasce em rotinas de bolor.

São seres esfarrapados
que gritam casas adentro como bruxas,
queimadas na fogueira das suas iras de má fé.

São gente sem telhado
no pus da sua linguagem canibal
com que mordem o mal na sua surdez social.

Ladram como cães
nos covis da sua imaginação ruidosa.

São bocas no lixo,
asfixiadas por momentos de suplício
onde escondem os cornos do diabo
no seu colo de madrastas asnas.

Para elas,
amar é uma cruz de moscas.
que as vão devorando lentamente
na pá de um coveiro que as espera
nas traseiras do inferno da sua alma,
babada de cadafalsos demoníacos.

Coscuvilheiras malditas!!!

Submited by

Domingo, Julio 25, 2010 - 01:09

Poesia :

Sin votos aún

Henrique

Imagen de Henrique
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 9 años 31 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Comentarios

Imagen de Clarisse

Re: LAMBISGÓIAS

Olá Henrique,

Belo poema, repleto de revolta, por esses seres que vivem a vida dos outros e não a deles. Creio que existe em todo o lado, tanto nos grandes centros como fora deles...

Beijo,
Clarisse

Imagen de carlosaleite

Re: LAMBISGÓIAS

Está óptimo (:
Todos as temos...

Abraço

Imagen de Nize

Re: LAMBISGÓIAS

"Ladram como cães
nos covis da sua imaginação ruidosa."

Gostei demais!
Ri também desta forma
de lambisgóias. Conheço
bem de perto algumas.

bjs.

Imagen de Henrique

Re: LAMBISGÓIAS

Quem não as tem à porta?!

:-(

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Henrique

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Tristeza O ADEUS É A ESCURIDÃO DO ESCURO … 2 2.292 10/08/2012 - 06:39 Portuguese
Poesia/Meditación MEU GRITO É UMA MÃO CANSADA … 1 1.151 10/05/2012 - 19:11 Portuguese
Poesia/Pasión NÓS ENTRE NÓS … 0 822 10/05/2012 - 01:40 Portuguese
Poesia/Meditación O SILÊNCIO DAS LÁGRIMAS … 0 800 10/02/2012 - 22:41 Portuguese
Poesia/Meditación MINHA ALMA É UM MAR DE AMOR … 0 824 10/01/2012 - 00:46 Portuguese
Poesia/Meditación ENGODO … 1 1.155 09/29/2012 - 21:20 Portuguese
Fotos/Otros Paula Teixeira da Cruz ... 0 865 09/29/2012 - 18:04 Portuguese
Poesia/Amor TENHO TU … 0 1.452 09/28/2012 - 22:20 Portuguese
Poesia/Meditación DOIDICE … 0 1.417 09/25/2012 - 22:12 Portuguese
Poesia/Meditación O AMOR MORDE O SILÊNCIO … 0 985 09/23/2012 - 22:42 Portuguese
Poesia/Intervención QUE A MORTE NOS MATE … 0 1.094 09/20/2012 - 17:53 Portuguese
Poesia/Pasión UMA LENHA TUA … 0 731 09/19/2012 - 23:58 Portuguese
Poesia/Pasión ATÉ QUE A NUDEZ SEJA A ÚLTIMA ROUPA … 0 720 09/18/2012 - 17:07 Portuguese
Fotos/Paisaje A Queda do Sol ... 0 1.275 09/18/2012 - 17:02 Portuguese
Fotos/Otros Cortante ... 0 1.301 09/18/2012 - 16:59 Portuguese
Poesia/Meditación PALAVRAS DE VASTO SILÊNCIO … 0 2.659 09/12/2012 - 21:12 Portuguese
Poesia/Meditación O SER DAS COISAS DAS COISAS DO SER … 1 851 09/11/2012 - 18:02 Portuguese
Poesia/Pasión SOLETRA-ME NOS TEUS SEGREDOS … 0 1.878 09/06/2012 - 19:54 Portuguese
Fotos/Paisaje Subir Sem Perder O Chão ... 0 1.028 09/04/2012 - 20:01 Portuguese
Poesia/Meditación BICHO COM SETE CABEÇAS DE BICHO … 0 1.550 09/04/2012 - 19:45 Portuguese
Fotos/Arte Digital Inveja ... 0 2.376 09/04/2012 - 14:13 Portuguese
Poesia/Meditación JUBA DE URTIGAS … 0 1.164 09/02/2012 - 22:40 Portuguese
Poesia/Meditación LUGAR DE OLHOS … 0 568 09/02/2012 - 20:02 Portuguese
Poesia/Pasión NUM TOQUE, O TODO DO TEU DESEJO … 0 1.607 09/02/2012 - 00:14 Portuguese
Poesia/Meditación GRITO … 0 1.538 09/01/2012 - 19:56 Portuguese