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Alegoria dos ausentes
Porque desdéns do Outono matam o Junho em mim…
Não te penses sofredora ou mais alma agrilhoada por morrer o meu olhar.
Os nadas que te são culpas também inflamam o céu das minhas esperanças infinitas.
Que toleres no flagelo do teu covil assim escondido qualquer coisa dos meus erros…
São acórdãos de penumbra onde a inocência é o bem por qual és absolvida.
Nada é fim absoluto nem apocalipse breve para lá destes dez minutos…
Temos a vida separada por momentos e quase nada no riso dos infortúnios.
Soubesses ventos e chuvas, metrópoles amotinadas, revoluções de um homem só…
Sorririas colectiva com pão, malga e ferida no desaperto dos teus nós.
Somos um, dois indiferentes, parcela intransigente, umbilical antagónica.
Quando o sol é para mim, a lua cresce em ti nos berços da Patagónia.
Minha pátria independente é fronteira do corpo gente que se banha aos meus olhos…
Livra-te assim dos meus crimes, vive poemas sublimes porque eu sou o não dá certo dos nossos dizeres agregados.
Porem não tenhas futuros em espera.
Jamais voltarei ao assim que me quiseste.
O meu tempo será breve como um tiro de leve chumbo flamejante na madrugada.
Teremos nossos nomes em drama já que nunca nossa cama foi a parte um do outro.
Quando vivias a trama, inflame de viva chama, o meu peito estava morto.
Teu amor foi ilusão, não passou de uma invenção de ventres solitários.
Foste discípula de Platão e alegoria aturdida de sonhos reaccionários.
Quero-te no em tanto bem, portanto que sejas mãe de um amor nobre e fecundo…
Serás sempre uma lembrança, que o amor é uma esperança…
Nas torpes paragens do mundo.
Guardo neste mar adentro rumores de sentimento no abraço para te dar…
Quando por fim o momento, for o produto do tempo…
Hora de nos encontrar.
Vou nas minhas revoluções, lirismos, manifestações, que nunca presente o tive…
Minha meta é o futuro, onde o Junho já maduro…
Espera o Outono furtivo.
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Comentários
Re: Alegoria dos ausentes
Lirico, no entanto muito conciso,
Sonhador, sem deixar de ir direito ao assunto,
Pesado no desenvolvimento literário, e bem realista.
Delirios, verdadeiros! (vindos de dentro, sofridos por fora e vice-versa) Que fazem-me rejubilar por entre linhas, de prazer na sua degustação, dos sabores e disabores!
Dissabores que, recolheis e dessiminais de forma indulgente, sem no entanto, que percam a sua forma "adulta", amudurecida, de nos mostrar o quão grande é a sua desilusão, o seu sofrimento, o seu "amor", os seus pesares.
Que no fim de contas mostra-nos o seu olhar sobre as pequenas e as grandes coisas à sua volta, este sitio onde vivemos...
No fim de cada leitura, como se de uma epifania tivesse-mos de fronte (a enfrentar), epifania em forma de "o inverso de utopia" a realidade vivenciada.
É isto! O que sinto ao le-lo.
É para mim um prazer.
E já agora, gostei do "Alegoria dos ausentes".
Pedro