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A cara dos outros
Baixinho…
Mais baixo…
Agora!
Tenho noites trementes nos pés dementes e livros de rua na porta dos táxis.
Ele é um andar por aí ás vielas, pielas, ginjas, com ou sem elas e gajos espantalhos com velas na mão a segurar a tesão de copo na mão.
Não que seja diferente de todo, sou tolo de modo que também…
Perco-me no zurro noctívago alienado em sítios lá para a cona da mãe.
Putos, putas e pitas, ressabiados, intrigas e tricas, num “Oh Yeah!!!” de vodka laranja…
Paulas , Pedros, Luíses e Ritas num foder universo de nervos em franja.
Depois os romances os risos as setas sem metas sem nada.
Só noite de podre vestida no cú de cara lavada.
Vamos ao ali…
Vamos ao aqui…
Vão bardamerda pois, vacas e bois e restante bicharada.
Oculinhos rectângulo, intelectuais do fandango com conversa fiada.
Dá-me tanto o que é entretanto uma colossal vontade de cagar.
Vão lá para o cheirinho, vão para o dançar, que eu vou para a merda se conseguir lá chegar…
Um beco…
Ainda o cigarro, sempre o cigarro e um tipo com tipo de mim.
A rua é um algoritmo de ilusões matemáticas numa calçada sem batom.
Caiu a maquilhagem da cara dos prédios e um bater longe e perto de contentores esfomeados invade o ar da cidade escondida.
A calçada é um basalto sombrio de beatas contadas em história e segredo.
Ponto de passagem esquecido, beco sanita da pátria, que escreve a alma em procura bem como caraças.
Vou por ali…
Encontro a multidão do vazio estendendo o olhar por esfarrapados romances.
Estou na merda dos becos.
Ali onde o tinto é tinta que pinta os pintas, pelintras poetas e barcos…
Onde um alguém é um ninguém que passa aquém daquele que passa.
Encostadas num fado esquina umas barbas de século são catanas cortantes de um braço perdido em lembranças da guerra colonial.
Oiço o martírio em ladainha alcoólica e sempre o cigarro.
Uma sobrinha da idade da minha pede troco, pelo corpo, tropo do braço auto-estrada onde falta alcatrão infectado de lua e hematomas da vida.
Quem foi varina ou menina ou sei lá, de lenço tão sujo solta pregões de esmola por côdea ou carinho por um pouco de lar.
Estou à rasca…
Estou mesmo à rasca…
Tomo um banho de aguardente e lavo as partes sujas com lágrimas á portuguesa.
Daquelas que só nós temos e guardamos para o pior quando o melhor de nós se ergue no peito.
Não posso cagar neste beco.
Não posso mandar á merda os escondidos…não posso…sempre o cigarro.
Nesta cama de pobres por onde caminho, há limo do rio que escorrega histórias antigas.
Há glorias contadas do eu que fui quase, sempre um quase á beira de ser.
Há bailes nos santos e sardinha assada nos olhos mortos de um manjerico.
Baixinho…
Mais baixo…
Agora!
Tenho noites trementes nos pés dementes e livros de rua na porta dos táxis.
Volto para casa com um tiro na asa com merdas da noite.
Olho a cama onde dormes e tantas vezes consomes o meu corpo nocturno…
Sento-me ao lado dou-te um beijo com lágrimas e abraças-me forte.
Sabes que escrevo táxis com medo ás portas da morte…
Corro á sanita com vómito ermita da madrugada.
Tenho por dentro sangue e vento e a alma cagada…
Caiu a maquilhagem da cara dos prédios e um bater longe e perto de contentores esfomeados invade o ar da cidade escondida.
Ainda o cigarro, sempre o cigarro… e um tipo com tipo de mim.
No espelho com a cara dos outros.
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Comentários
Re: A cara dos outros
Ele é um andar por aí ás vielas, pielas, ginjas, com ou sem elas e gajos espantalhos com velas na mão a segurar a tesão de copo na mão.
Sem dúvida um espelho onde nos vemos com a cara dos outros!!!
Muito bom!
:-)
Re: A cara dos outros
Epá!!! Soberbo
Muito obrigado, p'la chapada, p'la partilha da crua realidade.
Um abraço,
Pedro