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A caverna dos leões
O despertador iria tocar daqui a pouco. Acordo e desligo-o. Hoje não haverá
sobressalto matinal.
Vou-me aninhar ainda mais em ti, colar todos os pedaços possíveis da minha
pele na tua, vou-te mexer com suavidade para que acordes devagar. Bom dia,
meu amor, horas de acordar. Horas de dar a conhecer também aos outros, ao
resto do mundo, o que os sonhos podem fazer por nós. Vá, não resmungues,
assim não te percebo, não me peças mais uns minutos de sono. Bem sei que
ontem brincámos um com o outro até tarde e também sei que mais uns minutos
a dormir saber-te-iam bem, mas não podemos ser tão egoístas, o universo tem
o dever e o direito de ser informado que duas pessoas podem ser felizes. Poderá
exultar ou roer-se de inveja, prerrogativa dele.
Vamos lá, toca a saltar da cama. Bom dia.
Rapaz para o duche e rapariga a começar a preparar-se. Depois, o corte da
barba, enquanto conversamos sobre o que hoje nos espera. De vez em quando,
fingindo displicência, irei acariciar-te e beijar-te-ei. Normalmente a displicência
disfarça muito bem a necessidade que sinto de o fazer. Sou menos mal a fingir
casualidade e displicência. Espera um pouco, tens espuma de barbear no nariz,
desculpa, deixa-me retocar-te a maquilhagem.
Agora, para a cozinha. Procura no frigorífico as tuas frutas preferidas para
acompanhar o chá que tomas. Passei ontem no supermercado, antes de vir
para casa, para que hoje as tivesses. Eu, já o sabes, prefiro o leite e pão com
manteiga. Tanta gordura animal deve, por vezes, provocar-te uma careta.
Sabes, não somos só alma, perdão, não somos só fruta. Mas, também, nem
só de pão vive um homem.
O espelho e o pequeno almoço contigo. Que bom.
Estás pronta para sair? Não, não estás não. Para onde pensas que vais? Aqui
pode haver esta temperatura agradável mas, para além desta porta, encontrarás
cinco ou seis graus. O sol de inverno lá estará, mas não aquece nada de nada,
tudo estará molhado do orvalho, molhado da nossa humidade nocturna. Toma e
veste, é o meu casaco, o meu mais quente casaco. Agora sim, estás pronta. As
mangas, um pouco compridas, os ombros, ligeiramente largos, mas fica-te bem,
o casaco.
Vá, meu amor, cada um de nós tem um dia cheio pela frente, além de cheio
iremos fazê-lo grande. Vamos mostrar as garras e provar que somos feitos das
mesmas partículas que compõem as estrelas. Até logo.
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