A lenda de Enoah - Capitulo 4 -

A hora do Corvo, pleno pico da madrugada trouxera a Ischtfall a tranquilidade necessária. A rainha Latvéria, envorgonhada, alegara uma má disposição e retirara-se quase sem se perceber para os seus aposentos, deixando o rei e Lord Percival na sala de reuniões, perto da Ameia central do Palácio,a tratarem de planos secretos.
Já nos seus aposentos,o padre Gambinus, dispensado pelo rei da reunião, gemia de dores, agarrado a um saco com cubos de gelo, que esfregava pacientemente nas virilhas. Ao seu lado, o conselheiro do rei, esforçava-se por omitir um sorriso. Mantinha uma cara séria, quando na verdade todo ele ria por dentro.
-Um Insulto, uma heresia.È bruxa, é o que vos digo!
-Realmente, concordo. Não é de todo nomal que...
-Normal? Corro o risco de ficar inutilizado para...bom para proceder com as minhas obrigações para com o rei e o reino, e me diz que não é normal? Claro que não é normal. È bruxaria!
-Já providenciei a vinda do médico real.
-Que se dane o médico. Os Deuses me curam. Temos um perigo maior!
-Nós?
-Nós, o Reino e os Deuses. Vejo sériamente a paz ficar ameaçada. Pela primeira vez o rei não me põe a par dos seus planos.
-Certamente o bom rei Leopoldo II terá os seus planos...
-O rei? Ahhhh...se não fossem os Deuses no diluvio. Este reino jamais tinha acontecido. Começo a ficar farto de ser colocado em segundo plano.
-Senhor, olhai a heresia. Colocais o nome do bom rei em causa, bem como a sua competencia!
-Digo a verdade.Eu, Gambinus, O mensageiro dos Deuses, era quem devia estar a comandar os destinos do Reino.
-Senhor, rogo-vos que tenhais em atenção as palavras. As paredes tem ouvidos. Podereis cair em desgraça.
-Desgraça? Desgraça cairá todo o reino, com a presença dessa bruxa. Nem sei se os Deuses já não preparam um castigo, depois das heresias por ela proferidas.
-Pelos bons Deuses, isso seria uma catástrofe. Mas existe alguma verdade no que dizeis. Soube do que se passou, e creio que ela será má influência.
Gambinus, afastou o saco de gelo, revelando um calamitoso esgar de dor, enquanto praguejava baixinho. Recompondo-se num suspiro dolorosamente tragado, continuou:
-Ouve bem meu bom Herk, preciso de saber tudo o que se passa na sala, bem como tudo sobre essa bruxinha. È imprescindivel que eu saiba. Só assim os Deuses estarão ao nosso lado.
-Mas o que pedis é impossivel!
-Terá de ser necessário. Prevejo pestes e maldições sobre o reino.
-Pelos Deuses, que tragédia!
-Ide meu bom conselheiro. Ide tentar saber. Agradai aos Deuses e eles o pouparão.
Apavorado o conselheiro, abandonou os gritos e gemidos de dor de Gambinus, deixando-o entregue aos cuidados do saco de gelo e assustado, desceu a longa escadaria de pedra, meditando em como conseguir satisfazer os Deuses.
Na sala de reuniões do palácio, onde outrora decisões importantes na vitória sobre Orgutt haviam sido tomadas, Leopoldo II expunha as suas ideias e receios, entusiasmado pela descoberta dos poderes misticos de Enoah,perante Lord Percival o general do seu exército:
-Queria vos falar em particular, pois temo ter más noticias!
-Confesso que estou surpreso com os ultimos acontecimentos.
Leopoldo II, não evitou corar um pouco e continou:
-Recebi noticias de Orgutt, pelos meus espiões.
-Más noticias, aposto?
-As piores! Segundo o que me avançaram, Pretorius está a reunir um numero considerável de homens, e a duplicar a recolha de metal.
O rosto moreno de Percival contraiu-se num esgar de receio, e com a sua experiência militar, concluiu:
-Está a formar um exército!
-Tudo o indica. - Assentiu Leopoldo II gravemente.
-Então consultaremos Gambinus e os Deuses. Reunirei o meu exército e avançaremos....
-Não...
Um terrível minuto de silêncio instalou-se entre os dois homens. Percival com receio de perguntar e o rei com medo de escandalizar e desmoralizar um dos seus melhores homens.
Leopoldo respirou fundo e avançou com a exposição da sua ideia:
-Gambinus apostará na força, teremos muitas mortes e mesmo que vençamos, não estaremos preparados para novo ataque.Sinceramente não confio em ninguem, excepto em ti meu fiel Percival.
-Compreendo meu bom rei. Sabe que sempre terá a minha lealdade!
-Este novo cenário requer uma abordagem específica. Alguem como Enoah. Subtileza e confiança.
-Certamente , meu rei.
-A surpresa será a chave., e conto contigo para acompanhares a filha da montanha nesta missão.Amanhã, pela hora do pardal, divulgarei os meus planos, entretanto escusado será mencionar que exijo sigilo.
-Mas se o povo me vir sair com os meus homens ...
-O povo não verá! Ireis só com ela. Será uma missão só vossa!
-Mas só os dois. Meu bom rei, em território inimigo será um suicido.
-Não com Enoah. Ela saberá te guiar!
-Se assim o dizeis meu bom Rei. E quem guardará o palácio?
-Escolherás tu. Um homem de confiança. De qualquer forma são três dias a pé até Orgutt.
-Assim seja Majestade!
Enoah, a filha da montanha, recuperava forças numa banheira dourada, nos aposentos das visitas, cedidos pelo rei.Tinha sido um dia cansativo e uma noite bem pior. Por um triz não cumpriu seu destino, e libertar a tribo da montanha do ostracismo deste reino, matando o Rei. Mas na verdade, agora que conhecera o Rei, já não lhe conseguia desejar mal. E a rainha? Bela, de seios formosos, cabelos dourados em aneis brilhantes, com uns Lindos olhos azuis e pentrantes, mas tão mal amada, tão ignorada. Que lindo seria um descendente do rei e tal bela rainha.
Meditava a filha da montanha, revendo mentalmente a foracidade com que a rainha montara o seu marido, quando uma das aias surgiu.
O previlégio das aias era esse, o de circularem pelo palácio, sem serem detidas pelos guardas.
Enoah, deitada na banheira, mandou-a aproximar-se o suficiente, esforçando-se por revelar todo o seu corpo.
-Que pretendeis de mim? - sussurrou calmamente
-Peço desculpa Milady, mas rainha,solicita a vossa presença, quando fosse possivel!
Os olhos ávidos da aia percorriam todo o seu corpo, como que hipnotizada.Admirava os pequenos seios redondos, e os mamilos espetados, carnudos:
-Será que não se descansa neste palácio? Como vos chamais?
-Beatrice, filha de Joanh " a branca".
-Que idade tendes?
-Dezoito, milady!
-Gostais do que ves?
A jovem baixou a cara, escondendo o olhar ávido, no entanto Enoah podia perceber o surgimento,de um tom rosado, na face.
Levantou-se da banheira, o que motivou aque a aia se colocasse de joelhos em respeito:
-Levantai-vos. Não gosto de formalidades.
A filha da montanha. aproximou-se, beijou-a sem pudor e ao ouvido, ordenou:
-Informai a rainha que agora irei descansar. O rei solicitou a minha presença, na sala de reuniões na hora do pardal.Antes me apresentarei a sua majestade.
-Com certeza Milady.
-Ah e escuta, - interrompeu com o olhar carregdo de malícia-Depois de teres dado o recado, transmiti igualmente que eu vos convoco esta noite, Beaatrice!
Alarmada pelo olhar de Enoah, corou desta vez violentamente e sussurrou:
-Conforme desejardes, Milady!
Enoah afastou os cobertores enquanto ela se afastava e a sorrir se depediu:
-Não vos atraseis. Estarei imapciente!

--------Fim capitulo 4