CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Era só isto que eu queria dizer
era só isto que eu queria dizer
Era uma história para feios e um que se pode chamar Manel. O Amadeu também era feio. Feio e bêbado. Era casado com aquela gaja horrorosa que trabalhava na oficina do Pompeu. A Gina. O Pompeu dizia que Gina tinha nome de revista pornográfica. A Gina escarrava, feia. Assobiava entre cáries pedaços enrolhados de croquete e azeitona. Cagava-se como um gajo. Mas fazia revisões. Filtros, óleos, velas, platinados, e os estofos depois com um cheirinho a bar de alterne entre o patchuli e a lavanda e um papelinho escrito a bic: revisão aos tal tal , mudança de óleo etc… ao fundo do dito identifica-se: GINA - em letras de imprensa a coçar o cú. O Amadeu também era feio. Feio e bêbado. Era irmão do Diamantino. Que feio. E bêbado. Porém trabalhador. E fadista o gajo. É cortador de espelhos, ou vidros, ou copos, garrafas... Sei que é qualquer coisa que faz reflexo. Numa loja de mobílias, Moveis Pantera. Não. É na vidraceira do Torcato. Feio.o Torcato. O Diamantino ouve-se ao longe e os vidros a cortarem e os espelhos a partirem, mas fino, das oito ao meio-dia e da uma às seis, mais fino menos fino até às duas ou às três quando lhe dá para a batota e enfardar na Conceição madrugada dentro. Feia. Tão feia. A Conceição. Mãe da Paula. Que era Paulo. Morava por detrás da escola e foi travesti no Coche Real. Não interessa. Apanhou sida ou outra merda, sei lá. Não apanhou nada. Não sei se é verdade. É o que as velhas contam e nunca o vi no Coche Real. Nunca o viram. Andou com a minha irmã na escola. Que agora é irmão. O mais novo. Perdão. A mais nova. A Bruna. O Bruno. Feio. Feia. Feios..Em modo Bruno ou modo Bruna. Ambos. Tão feios como os meus pais. E como eu. E o meu irmão mais velho. O Tóino. Que feio. É casado com tansa da Sónia. A gaja…ui que gaja. Feia. No liceu já era feia, dizem. Bebe copos de três e naca umas cascas de queijo que é um primor. Gosta d’iscas e de mamar umas com elas até se desfazer em diarreia de ginja. Uma ordinária. Foi apanhada a roubar lá no super-mercado e despediram-na. Á Sónia. Tansa. Mas no liceu não havia mais ninguém. Que se foda. Não é pecado. E já foi há tantos anos. Adiante. Feia. Neta do Jorge da burra. Que cheiro aquela carroça, jesus. Tem um riso de comboio a estacionar na gare, de papagaio a ser seviciado. Usa galochas. Até meio da perna ele é estrume ele é merda ele é lama e palha e caruma e bocados de gordura e um berro: “BOM DIA PESSOAL DE TRABALHO DESCULPEM SE ME ENGANEI” – que acorda seres mumificados há muitos séculos atrás e, sim, enganas-te.
Trabalho aqui?
À légua e mais baixo para não acordar a criança.
Que feio.
E Bruto, carroceiro.
Primo do Amadeu.
Lá de cima.
Da segunda linha.
Que estava encostado numa história para feios com um que se pode chamar Manel ou outra coisa qualquer.
Que feios caraças.
E bêbados.
Era só isto que eu queria dizer.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 3141 leituras
Add comment
other contents of Lapis-Lazuli
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Aforismo | Adeus | 6 | 770 | 03/04/2010 - 13:01 | Português | |
Poesia/Amor | Mesmo que o amor morrer | 7 | 1.086 | 03/03/2010 - 11:19 | Português | |
Poesia/Intervenção | Prémio Nobel | 4 | 658 | 02/28/2010 - 20:55 | Português | |
Poesia/Meditação | Por todas as manhãs nascidas | 2 | 639 | 02/28/2010 - 02:16 | Português | |
Poesia/Meditação | Rosa de Istambul | 2 | 921 | 02/27/2010 - 03:22 | Português | |
Poesia/Dedicado | Até cair | 2 | 847 | 02/25/2010 - 02:18 | Português | |
Poesia/Intervenção | Cravado de fogo | 2 | 964 | 02/25/2010 - 02:15 | Português | |
Poesia/Aforismo | Afinidades | 3 | 893 | 02/23/2010 - 20:43 | Português | |
Poesia/Geral | Tens um granda par de mamas | 6 | 1.413 | 02/23/2010 - 19:39 | Português | |
Poesia/Aforismo | O principio do esquecimento | 2 | 848 | 02/23/2010 - 13:32 | Português | |
Poesia/Intervenção | Para no fim desembocar num sopro | 3 | 815 | 02/21/2010 - 18:04 | Português | |
Poesia/Intervenção | Partitura perpétua | 1 | 610 | 02/21/2010 - 01:36 | Português | |
Poesia/Amor | O outro lado do mundo | 2 | 943 | 02/18/2010 - 01:52 | Português | |
Poesia/Aforismo | Sombras chinesas | 2 | 1.201 | 02/17/2010 - 19:03 | Português | |
Poesia/Intervenção | "Memória das minhas putas tristes" | 3 | 1.482 | 02/15/2010 - 11:23 | Português | |
Poesia/Geral | De crua voz | 5 | 804 | 02/15/2010 - 02:15 | Português | |
Poesia/Dedicado | Aquele abraço | 4 | 1.635 | 02/14/2010 - 00:51 | Português | |
Poesia/Dedicado | Das tuas lágrimas me fiz rio | 4 | 566 | 02/12/2010 - 21:57 | Português | |
Poesia/Aforismo | O cancro que tinha um homem | 3 | 1.069 | 02/12/2010 - 03:34 | Português | |
Poesia/Intervenção | Amor assassino | 3 | 841 | 02/12/2010 - 00:07 | Português | |
Poesia/Paixão | Missa de corpo presente | 2 | 1.078 | 02/11/2010 - 02:45 | Português | |
Poesia/Dedicado | Vagas moribundas | 3 | 900 | 02/09/2010 - 17:32 | Português | |
Poesia/Amor | Independência | 1 | 604 | 02/08/2010 - 02:07 | Português | |
Poesia/Geral | Corrente alterna | 3 | 881 | 02/07/2010 - 23:30 | Português | |
Poesia/Amor | Se voltares | 4 | 675 | 02/07/2010 - 18:18 | Português |
Comentários
Era só isto que eu queria dizer.
Era só isto que eu queria dizer.