Incólume quanto Ricardo Reis …

Incólume quanto Ricardo Reis …

Há quem diga que viu,
( tomando por reais as coisas que o não são)
um escritor de língua pátria nos soturnos passeios
duma rua da freguesia de Campo Grande

1700-190 Lx a 30 Novembro, pelas 5 horas
da madrugada,
– faz mais de um século, quase nada,
continuam magníficos, talhados, incólumes
quanto a cidade por onde ainda passam descalças
e calçadas,
pessoas pequenas e grandes, enormes

Nessas soturnas calçadas caladas
do Campo Grande ao Chiado por
onde passam grandes enormes pessoas e pequenas também,
ficaram descritas com cem palavras nos passeios
talhados desta cidade azulejo
que nem de azul ou anil tem, ou se veste do Tejo certo
nas cores ou sem elas bem,

Mas usa de palavras como se fossem
os céus sete e os desejos
mil pedaços certos, desta pátria incolor
e incólume ,
Ficou escrito como um grito de ar em luz crua
dessa cidade que dorme,

Há quem diga que foi por sentir correr
por si o rio como por seu leito a 30 Novembro de 1935,
tal e qual como no ano da morte de Ricardo Reis

Jorge Santos(10/2016)
http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Monday, February 12, 2018 - 19:22

Poesia :

Your rating: None (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 2 days 23 hours ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42162

Comments

Joel's picture

Há quem diga que leu,

Há quem diga que leu,

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Ministério da Poesia/General Cada passo que dou 15 2.864 03/28/2025 - 22:11 Portuguese
Ministério da Poesia/General Quem sou … 16 3.604 03/28/2025 - 22:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General A essência do uso é o abuso, 14 4.774 03/28/2025 - 22:08 Portuguese
Poesia/General Cedo serei eu 7 711 03/28/2025 - 22:07 Portuguese
Poesia/General Não existo senão por’gora … 9 1.107 03/28/2025 - 22:07 Portuguese
Ministério da Poesia/General Percas, Carpas … 12 618 02/12/2025 - 10:38 Portuguese
Poesia/General Entreguei-me a quem eu era 5 691 02/11/2025 - 19:02 Portuguese
Ministério da Poesia/General Tomara poder tocar-lhes, 12 833 02/11/2025 - 18:58 Portuguese
Ministério da Poesia/General Duvido do que sei, 9 620 02/11/2025 - 18:56 Portuguese
Ministério da Poesia/General Recordo a papel de seda 6 327 02/11/2025 - 18:38 Portuguese
Ministério da Poesia/General Pois que vida não tem alma 20 403 02/11/2025 - 18:37 Portuguese
Poesia/General Pra lá do crepúsculo 30 4.211 03/06/2024 - 12:12 Portuguese
Poesia/General Por onde passo não há s’trada. 30 5.131 02/18/2024 - 21:21 Portuguese
Poesia/General Sonhei-me sonhando, 17 5.908 02/12/2024 - 17:06 Portuguese
Ministério da Poesia/General A alegria que eu tinha 23 6.635 12/11/2023 - 21:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General Notas de um velho nojento 7 4.298 12/06/2023 - 22:30 Portuguese
Ministério da Poesia/General (Creio apenas no que sinto) 17 2.984 12/02/2023 - 11:12 Portuguese
Ministério da Poesia/General Vamos falar de mapas 15 8.884 11/30/2023 - 12:20 Portuguese
Ministério da Poesia/General São como nossas as lágrimas 9 2.099 11/28/2023 - 12:11 Portuguese
Poesia/General Entrego-me a quem eu era, 28 3.908 11/28/2023 - 11:47 Portuguese
Ministério da Poesia/General O Homem é um animal “púbico” 11 6.057 11/26/2023 - 19:59 Portuguese
Ministério da Poesia/General Insha’Allah 2 2.831 11/24/2023 - 13:43 Portuguese
Ministério da Poesia/General No meu espírito chove sempre, 12 2.741 11/24/2023 - 13:42 Portuguese
Ministério da Poesia/General Os destinos mil de mim mesmo. 21 7.737 11/24/2023 - 13:42 Portuguese
Poesia/General “Daqui-a-nada” 20 5.456 11/24/2023 - 12:17 Portuguese