Navio fantasma
Navio Fantasma
(Cape Tribulation, Australia, 11 de Julho de 1881)
(O futuro rei da Inglaterra Jorge V e a sua tripulação de 12 homens no navio, HMS Inconstant, avistaram o navio-fantasma no dia 11 de Julho de 1881 quando navegavam na Austrália em Cape Tribulation)
O Navio Fantasma,
É coberto de algas, na proa e no mastro e o espectro, no barco
(o capitão Bernard Fokker , rosto de peixe e corpo de homem)
Berra em silêncio, com o oceano e o madeiro podre do casco,
Num nefasto rangido, quase perpétuo, como as vagas
E a errática andança pelo mar, no negrume das sombras,
O fantasma maldito, desafia-o no convés e o nevoeiro ambíguo,
Tudo cinge, num abraço de cal e morte. No porão do tempo,
Os conjurados navegantes parecem arder, num eterno fogo-fátuo
E galgam, galgam ondas, montados nas costas do demo,
Lançando de quand’em vez, um esgar supérfluo, ao luar sem face,
Talvez por inveja, da lua, ao invés deles, possuir claro aspecto,
Ou evocando as noivas, que os esqueceram, no ardor do clímax.
(Defuntos sem olhos, outrora jovens, caídos em desgraça, no mar insurrecto)
Portos em que amarra o capitão Dutchman não haverá primavera e flores,
Pára o fluxo do tempo, soltam-se todas as dores, nas garras de irreais seres,
Almocreves do demónio, Trafica-se, tormento, abominação e ódio.
Nos areais e praias a carnificina lembra, O inferno de Dante ou episódio
De John Carpenter em filme, grita-se nas ruas,fujam pelas vossas almas,
Vem aí o Der fliegende Holländer e o pânico alastra, nas aldeias e vilas,
Tal a famigerada reputação do navio, condenado para sempre a vaguear,
Pois o comandante, Fokker, usou dados viciados, com o diabo ao poker, a jogar
(Procura o capitão nas aldeias da costa e no mar uma mulher que lhe jure
Fidelidade eterna e o livre deste tormento)
JORGE SANTOS (11/2010)
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