CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

PESSOAS SAO COMO PAISES

Pessoas são países, também tem suas fronteiras...
Guardadas por tropas armadas, polícia treinada, cachorros sombrios...
As vezes bem delimitadas... Traçadas de rios, desertos, praias... secretos oásis...
As vezes meio difusas, são linhas imaginárias... As vezes são cordilheiras...

As vezes em guerra, cicatrizes se enrolam em gazes...
Pessoas são como pátrias... em suas praças erguem bandeiras...
Pessoas se armam como fragatas, nuclearmente se desenergizam...

Pessoas...
Se fecham como Coréias, se abrem como mercados...
Se matam como cordeiros... retorcem-se como ciprestes,
Apressam-se como coelhos...

Pessoas as vezes em pazes se trancam nos paraísos...

Pessoas são países... Trazem uma bomba no peito... são árabes desesperados...
Rota a memória de um povo...
Apagam suas cantigas, suas histórias, suas raízes...
Sua cultura, seus mistérios... se calam suas esfinges...

Pessoas tem leis seculares, seus túmulos...
Tem lapides frias esculpidas em mármore...
Onde guardam mártires já olvidados... Já esquecidos... Bombardeados...

Pessoas tem sonhos que são reprimidos...
Desejos não concretados... Problemas mal resolvidos...

Para entrar em seus domínios... Precisa de um selo, um visto...
Que permita o passo no território como turistas distraídos...
Sendo o preço do passeio, o livre rodar do destino...

Passaportes vencidos, somos repatriados... na força bruta de um exílio...

Que alguma embaixada permita-me o beijo...
Um consulado que o pranto console...
Que a ONU empreste seu ombro desconfortável...

Que eu aliste meus devaneios em brigadas populares, barricadas vermelhas...
Derrotar “Charle de Gaulle” em meia oito referendo

Sin el permiso, penetram pelos atalhos, são ciganos clandestinos...
Simples refugiados, ou fraternos foragidos...

Pessoas são velhos castelos que precisam ser derrubados...
Por mãos de mouros escravos, por sangue árabe bravo...

Pessoas são latifúndios...
Cercados, improdutivos...
Que precisam ser ocupados... semeados, inteiros... Por mãos campesinas, nutridos...

Pessoas são países onde por vezes ardem batalhas...
Cai o poder instituído, queda da Bastilha... E vibra sonoríssimo badalo...

... Depois da última pedra, abrem-se as grades para soldados sem fardas... Desuniformizados, rotos, barbados, descansam nas margens dos rios...
Prontos para pousar os cravos em nossos fuzis carcomidos...

Pessoas precisam de pontes rústicas sobre os fossos ressecados...
Escadas que ultrapassem os muros de pedras erguidos...

Murcham velhas tradições podridas... acendem-se velas...
Voam paliçadas militares, abre-se a cidadela...
Dandara se ressuscita em páscoa!

Uma cadela no cio nos perturba o sono... E cachorros a perseguem...

Nas mãos de um povo cansado, erguem-se vivas novas canções... hinos se fazem...

Amor, sei que terás novo porto... e assim, no frescor de uma maré, sinto a brisa marinha bafejar minha face, convidando para singrar novamente os mares...
Sangrar novamente o peito... talhar devagar os mastros... costurando as velhas velas...

Vou acendendo a fornalha, preparando o fôlego do fole... Passo em vista a casa de máquinas, o carvão, o óleo cru e a dinamite...

Cão perdigueiro...

Amor... sei que feridas são cicatrizes... e temos as chagas...
Amor. Sei que pessoas são como países... e temos as chaves...

Aqui eu te ergo, aqui tu me fincas...
Aqui te semeio, aqui te enraízas...

Bem vinda, por inteira em meu peito!

Submited by

terça-feira, outubro 25, 2011 - 14:41

Poesia :

No votes yet

marcelocampello

imagem de marcelocampello
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 11 anos 6 semanas
Membro desde: 03/02/2011
Conteúdos:
Pontos: 310

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of marcelocampello

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Meditação A história da cabeça que fugiu dos pés! 4 1.454 06/10/2012 - 22:03 Português
Poesia/Meditação The story of a head that ran from its feet 0 1.917 06/10/2012 - 12:07 inglês
Poesia/Geral Dr. Jekyll: Pb > Au 0 1.617 12/12/2011 - 11:26 Português
Poesia/Geral Cavaleiro de Copas 0 1.675 12/09/2011 - 19:40 Português
Poesia/Intervenção BELO MONTE 0 1.418 12/09/2011 - 19:03 Português
Poesia/Geral Gilliat e Deruchete 1 2.561 12/01/2011 - 18:42 Português
Poesia/Geral Pessoas são como países (reeditado) 0 1.450 10/25/2011 - 14:47 Português
Poesia/Geral PESSOAS SAO COMO PAISES 0 1.404 10/25/2011 - 14:41 Português
Poesia/Geral ENTROPIA MONETÁRIA 0 1.680 10/07/2011 - 15:50 Português
Poesia/Geral MORO NESSA CASA VAZIA 0 1.589 10/07/2011 - 15:46 Português
Poesia/Fantasia Amores e Mamutes 4 1.576 04/30/2011 - 16:59 Português
Poesia/Amizade Jocasta, Amelie Poulain e Lili Carabina 2 2.142 04/28/2011 - 20:40 Português
Poesia/Geral A MENINA NA CAVERNA 0 1.906 04/27/2011 - 15:16 Português
Poesia/Geral O Eco, a Sombra e as Estrelas 1 2.090 04/27/2011 - 03:48 Português
Poesia/Geral FANTASIA MIGRANTE 3 1.706 04/19/2011 - 19:00 Português
Poesia/Geral Canção em Espiral 1 1.382 04/16/2011 - 04:08 Português
Poesia/Geral Tropa serena 0 2.085 04/16/2011 - 01:52 Português
Poesia/Geral Desculpai-me insetos! 2 2.211 04/13/2011 - 22:52 Português
Poesia/Geral Algum abandono previsível! 3 1.869 04/12/2011 - 14:02 Português
Poesia/Geral Mom made a doll 0 1.667 04/09/2011 - 23:18 inglês
Poesia/Geral Jocasta, Amelie Poulain e Lili Carabina 0 2.255 04/09/2011 - 16:18 inglês
Poesia/Geral The poem's not love 0 1.686 04/09/2011 - 16:17 inglês
Poesia/Geral Adrift 0 2.044 04/09/2011 - 16:16 inglês
Poesia/Geral Encerrai a cavalgada! 2 1.517 04/09/2011 - 11:51 Português
Poesia/Geral Passou o tempo querida! 6 1.634 04/05/2011 - 12:33 Português