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Dona do Tempo
O corpo devolve a força motriz que o trata, cuida e alimenta. Denuncia-a e é caracterizado por ela. A nossa visão funciona através de imagens, representações mentais, arquétipos que padronizam e modelam o comportamento humano. Ensaiam-se explicações, discursos, análises e no final, não se explica absolutamente nada. Estamos entregues a nós próprios, ao nosso encantamento e à nossa cruz. Que somos para além das sensações que produzimos automaticamente e das percepções que concebemos da realidade? Que fazer quando detectam falhas na nossa máquina de equilíbrio emocional, sem justificação palpável sequer ou uma apresentação devidamente estruturada? Há pessoas que atravessam o mundo atrás de quem mais amam, que se perdem nessa magia, que pisam o solo e o beijam de seguida em absoluta submissão por um ser seu semelhante. Dizem que o amor está no cheiro da pele. Pode estar também numa canção, no olhar, num abraço e num silêncio, há milhões de maneiras de se amar alguém e todas elas são aceitáveis. No encadeamento dos sentimentos, descobrimos que o amor não tem medida, existe por si só, é autónomo e vivo. Uma aura depreende-se de cada mulher revestida de coragem, que sabe tomar conta de si própria, é independente, corajosa, sana, à procura do belo, do justo, das raízes da realidade. É a sua presença magnética e força interior de combate que fazem toda a diferença. Hoje em dia, muito se fala dos órgãos espirituais, os sete chacras espalhadas pelo corpo humano em que se conta o coronário, frontal laríngeo, cardíaco, plexo solar, umbilical e básico, que possuem cores distintas e representam uma vitalidade que não se pode dissecar em laboratórios ou estudar; experiencia-se com os sentidos. Para quê dividir o tempo quando sabemos que no final ele vai parar para sempre? Ninguém pode semear planos e sonhos num relógio, num par de sapatos para “encaixotar” os pés, num cubículo apertado a que se chama condomínio. O índio Tupavi do notável livro “Papalagui” saiu do paraíso da natureza onde vivia em perfeita paz e harmonia para encontrar uma Civilização que a sua inteligência lhe permitia compreender e analisar ao mais infímo pormenor mas onde não encontrava qualquer finalidade, sentido, espírito, alma, Deus. Só via uma forma de existência inferior à de onde era originário e acreditou que dentro da sua tribo humilde e natural estava tudo o que realmente necessitava . Na época em que vivemos fazemos tudo para manter a saúde, a forma física e os bens materiais mas esquecemo-nos que não temos que prestar contas a ninguém a não ser a quem nos chamou à vida, que no último suspiro que dermos essa estaticidade irá definir o nosso percurso, votando-o à eternidade sideral, à religação com o impulso original do nascimento. Temos o cinema, os bons costumes, regras, hospitais, escolas mas esquecemos muitas vezes a ética à porta de casa e na urgência de ajudar, esquecemos o outro, o que ele realmente quer e magoamos profundamente quem percorreu muitas estradas e vias para estar connosco, para ter o nosso afecto. Fechamos a porta e reencaminhamos para o alçapão da angústia o que antes era certeza. O abstracto persegue o concreto mas este último não pode ser convocado à força, como um amigo que se convida à última hora para um jantar de gala, que com muita pena responde que não pode comparecer porque não comprou traje apropriado à situação. A liberdade anda de mãos dadas com a responsabilidade, a necessidade e procura de espaço podem definir uma vida, são os instantes de valor incalculável em que sentimos que o tempo não está a contar, ninguém está a observar, estamos sós e despreocupados. Temos uma grande sorte por podermos exercer essa mesma liberdade, em todos os compartimentos do nosso quotidiano. Por isso, não podemos deixar que silenciem o nosso choro, pensamentos ou riso com argumentos duvidosos e mesmo falaciosos. Somos muito mais que a opinião que os outros têm de nós, há que separar o inútil do que realmente interessa saber. Porque não pegar no carro e conduzir horas e horas sem destino definido, com o vento a bater nos nossos cabelos, recusando dar satisfações desta acção tão impulsiva ou de querer identificar quem está certo ou errado? Não se pode penalizar alguém por dizer o que pensa, no anti-dogmatismo está a chave de qualquer procura. A melhor maneira para evitar períodos de crise, de noite escura da fé é seguir essa capacidade única do sexo feminino, apurada e resplandecente: a intuição. A ordem, calma e normalidade puras são uma armadilha. A loucura é a linguagem do mundo. Não somos conduzidos pela razão pura, a fantasia integra-se no sujeito. Pode-se definir a loucura profética em que o corpo exprime o divino, a ritual em que uma força exterior nos possui como por exemplo nas danças, a loucura amorosa (que dispensa apresentações) e por último, as simpáticas musas trazem-nos a loucura poética. Se num segundo de evasão conseguirmos sentir na palma das mãos o tempo, o riso e a afectividade, adquirimos tudo o que precisamos para sobreviver. Seremos donos do nosso próprio destino. E ao respirar o cheiro da terra molhada, recordar-nos-emos aonde pertencemos, a nossa casa.
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