Indigno eu,

Escritor mecânico e doente, incurável monstro,
Indigno eu, organismo morto, sem paladar
Ou gosto, aroma sequer, eu- vulgar sol-posto,
Com talento apenas de brisa indolente, inimputável

Tal qual roupa suja de sangue fresco sob uma laje
De cimento seco, indigno eu perante gente ou
Acontecimento e na indelicadeza de não pensar
Neles, a insaciabilidade de um cão vadio, sujas cores

Numa cabana sem “backyard”, escrevo sem esforço
Entre as quatro tábuas de um mero quintal e ainda
Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo, perguntando as horas, 19″maybe-less”.
Se me manifesto pela saliva do nariz, Salvo a consciência,
Perco-me no que digo, na memória e na forragem do umbigo,
A trajectória não tem leme, vagão ou rumo,

Escrevo “por-bem-dizer” o que conluio ser uma tela
De superfícies cavas, expressando o que é a face humana
E manuscrita, não falando daqueles que não têm
Remédio comigo. Os dias grandes não costumam repetir-se,

É um facto, cabe a mim situar-me no melhor lugar
E pensar diferente e cada minuto de dia, na galeria,
Na plateia ou no balcão, para que esta pareça uma outra peça,
Sem me sentir prisioneiro do teatro,

Posso sempre sair para a praça, Jogar matraquilhos
Ou assistir da bancada ao clube da terra,
Enormes são os dias que não se repetem, nem mesmo
Eu, repito-me escrevendo, concluí que sou um viciado

Em rotinas pequenas, pequenos são os meus dias e a rotina,
Escrevo o que ninguém escuta eu dizer falando,
Sou que eu digo, do umbigo e em roda dele,
Situo-o no meio-dia e eu em órbita do nariz, na saliva

Desvalorizada, vulgar, parda vida em que vivo
Sem me fazer ouvir, enviesada …

Jorge Santos 09/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Thursday, October 17, 2019 - 18:18

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 2 weeks 1 day ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42103

Comments

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Joel's picture

Digo que me perdi, de mim

Digo que me perdi, de mim para mim e sempre com
Mau discurso, num Catalão que ninguém fala, nem eu

Mesmo entendo

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Ministério da Poesia/General Percas, Carpas … 12 610 02/12/2025 - 09:38 Portuguese
Poesia/General Entreguei-me a quem eu era 5 682 02/11/2025 - 18:02 Portuguese
Ministério da Poesia/General Tomara poder tocar-lhes, 12 801 02/11/2025 - 17:58 Portuguese
Ministério da Poesia/General Duvido do que sei, 9 560 02/11/2025 - 17:56 Portuguese
Ministério da Poesia/General Recordo a papel de seda 6 242 02/11/2025 - 17:38 Portuguese
Ministério da Poesia/General Pois que vida não tem alma 20 387 02/11/2025 - 17:37 Portuguese
Poesia/General Não existo senão por’gora … 0 1.082 02/11/2025 - 17:25 Portuguese
Poesia/General Cedo serei eu 0 692 02/11/2025 - 17:23 Portuguese
Poesia/General Pra lá do crepúsculo 30 4.143 03/06/2024 - 11:12 Portuguese
Poesia/General Por onde passo não há s’trada. 30 4.685 02/18/2024 - 20:21 Portuguese
Poesia/General Sonhei-me sonhando, 17 5.845 02/12/2024 - 16:06 Portuguese
Ministério da Poesia/General A alegria que eu tinha 23 6.617 12/11/2023 - 20:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General Notas de um velho nojento 7 4.240 12/06/2023 - 21:30 Portuguese
Ministério da Poesia/General (Creio apenas no que sinto) 17 2.968 12/02/2023 - 10:12 Portuguese
Ministério da Poesia/General Vamos falar de mapas 15 8.848 11/30/2023 - 11:20 Portuguese
Ministério da Poesia/General São como nossas as lágrimas 9 2.045 11/28/2023 - 11:11 Portuguese
Poesia/General Entrego-me a quem eu era, 28 3.886 11/28/2023 - 10:47 Portuguese
Ministério da Poesia/General O Homem é um animal “púbico” 11 5.839 11/26/2023 - 18:59 Portuguese
Ministério da Poesia/General A essência do uso é o abuso, 1 4.748 11/25/2023 - 11:02 Portuguese
Ministério da Poesia/General Insha’Allah 2 2.827 11/24/2023 - 12:43 Portuguese
Ministério da Poesia/General No meu espírito chove sempre, 12 2.705 11/24/2023 - 12:42 Portuguese
Ministério da Poesia/General Os destinos mil de mim mesmo. 21 7.721 11/24/2023 - 12:42 Portuguese
Poesia/General “Daqui-a-nada” 20 5.443 11/24/2023 - 11:17 Portuguese
Ministério da Poesia/General Cada passo que dou 0 2.836 11/24/2023 - 09:27 Portuguese
Ministério da Poesia/General Quem sou … 0 3.532 11/24/2023 - 09:26 Portuguese