“Hic sunt dracones”, A dor é tudo …
Sinto na desilusão uma pedra alçada,
Como papel de embrulho amassado e velho
E o erro que é ter inveja de um cego que vê
Meio muro por uma fenda, pro qual a dor
É purpura, não do vinho, mas de sangue sujo
E uma pedra afiada, um torno e a angústia
Como uma espada de ferro romba, na boca
Cuja serviu de ponta dos pés e a língua de
Vime, como monumento ao que outros dizem
No garrote à vergada populaça infame, vil
Inveja, doença de superioridade sem cura
Pra derrota. “Hic sunt dracones” e aos vendados,
Que atrás das hordas marcham sérios,
Cobertos de escaras iméritas, inéditos Drusos,
Sem nação nem calçada régia, mundo de betão
Herege, onde encostas a barriga de encontro
À parede que julgas consciente, Acabas tu
Como a Lua, a sombra é crua, o mundo
É tão perfeito visto de cima, quanto cruel
É a cinza e o holocausto, que só tem um lado,
-Que fosse o que não é possível ver-se,
Sinto a desilusão como destino e a afeição
Como o azeite para a água, indiferente
Esta alma que nem aceita nem sente, a única
Maneira de não sentir nada é perder e acabar
Sorrindo pra palavras que nem conhecimento
Precisam de ter, nem talento pra mistérios,
“Hic sunt dracones” repetimos fundo e o
Senão do “sei explicar tudo”, sem a humildade
Do apicultor nem a condição do incógnito
Que se revela, tal como uma abelha flutua
E a falha no voo, o paradoxo da fiabilidade
Lapidado nos que passarão por nós, noutros
Séculos e a ideia de morte, donde ninguém
Voltou com exéquias de Filisteu,”príncipe do luto”.
Jorge Santos 02/2020
http://namastibetpoems.blogspot.com
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 2687 reads
Add comment
other contents of Joel
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | Até que mais seja | 33 | 2.099 | 02/17/2022 - 11:28 | Portuguese | |
Poesia/General | Send'a própria imagem minha, Continuo'a ser eu ess’outro … | 18 | 6.206 | 01/21/2022 - 19:07 | Portuguese | |
Poesia/General | Perfeitos no amor e no pranto … | 46 | 2.489 | 01/20/2022 - 23:04 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O facto de respirar … | 43 | 3.953 | 01/19/2022 - 21:36 | Portuguese | |
Poesia/General | Não me substituam a realidade | 36 | 1.155 | 01/15/2022 - 10:31 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sou tudo quanto dou e devo ... | 18 | 2.499 | 01/04/2022 - 19:16 | Portuguese | |
Poesia/General | Cada um de todos nós é todo'mundo, | 31 | 3.160 | 12/11/2021 - 21:10 | Portuguese | |
Poesia/General | Sou minha própria imagem, | 2 | 2.994 | 07/01/2021 - 12:50 | Portuguese | |
Poesia/General | Há um vão à minha espera | 2 | 1.527 | 07/01/2021 - 12:50 | Portuguese | |
Poesia/General | leve | 4 | 4.210 | 06/28/2021 - 15:39 | Portuguese | |
Poesia/General | Deus Ex-Machina, “Anima Vili” ... | 1 | 3.167 | 06/24/2021 - 11:38 | Portuguese | |
Poesia/General | Da significação aos sonhos ... | 1 | 1.968 | 06/22/2021 - 10:01 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sonho sem fim, nem fundo ... | 1 | 2.234 | 06/21/2021 - 16:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Absurdo e Sem-Fim… | 1 | 2.305 | 06/21/2021 - 16:26 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A Rua ao meu lado ou O Valor do riso... | 1 | 3.238 | 06/21/2021 - 16:25 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Rua dos Douradores 30 ... | 1 | 3.909 | 06/21/2021 - 16:25 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Excerto “do que era certo” | 1 | 2.412 | 06/21/2021 - 16:25 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Ladram cães à distância, Mato o "Por-Matar" ... | 2 | 3.564 | 06/21/2021 - 16:22 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Morri lívido e nu ... | 1 | 2.566 | 06/21/2021 - 16:22 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sou "O-Feito-Do-Primeiro-Vidente" | 1 | 2.682 | 06/21/2021 - 16:21 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Pedra, tesoura ou papel..."Do que era certo" | 1 | 5.849 | 06/21/2021 - 16:21 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Nada se parece comigo | 1 | 1.777 | 06/21/2021 - 16:20 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Quantos Césares fui eu !!! | 1 | 2.504 | 06/21/2021 - 16:20 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | "Sic est vulgus" | 1 | 2.946 | 06/21/2021 - 16:19 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Como morre um Rei de palha... | 1 | 2.384 | 06/21/2021 - 15:44 | Portuguese |
Comments
Hic sunt dracones et
Hic sunt dracones et reptilianus
obrigado pela interacção mas
obrigado pela interacção mas não pertenço a essa religião
Nem eu
Nem eu
abraço
abraço