Ave do Parnaíso

Roxxanne brotou alterada, sem voz de pata ou gansa, Alaranjada ao invés de tutti-color , como gansa da quinta do parnaíso , da dita dimensão que se preze,de pescoço alevantado, longas plumas laranja e penachos verdeosos. Tomou-se logo de manifestas ostentações e, imediatamente; depois de se mirar, breve no lago, pela primeira vez . No galináceo arrabalde, levantou-se longo e lesto burburinho, eram tantos os aplausos e ovações tais quais das outras lhe prendavam a vaidade que bella Roxxanne tomou essa magnificência como verdade absoluta e magistral.

Foi num fim de tarde, um por sol de igual grandeza Cobiçou e desde logo namorou daí, do poleiro, ela ambicionou plágiar o brilho solar. Desfez-se Sol em claridade solestícia em longes e alturas de multicores nos céus do arco-íris orquestrando minuetes e tons de édens celestais.

Bella Roxxanne inflamou-se, os penachos laranja tintaram-se ,solarizaram-se e radiaram tal brilho que toda a capoeira saiu em alvoroço.Foi o suficiente para queimar as penas que a cobriam ; ficou sem pena alguma, tapada por uma pele burbulhenta e cachuchos , inchada até à ponta do bico que mais parecia um pato-bravo e mudo.

Fugiu dali espavorida, perante o susto, toda a quinta do parnaíso ficou escarapantada.

Não conseguindo encarar a luz de frente esconde-se entre a folhagem de uma grande Magnólia de folha caduca em Shang-ri-la, tinha–se transformado em filha bastarda do sol, os raios que outrora lhe davam vida açoitam a pele nua.

Como sabem, shang-ri-la é um reino laranjado em terras de laranjais e perto do território das nogueiras e dos Azeites na Provinciana Sadina.

Caiu a noite e disse-lhe a lua ,já cheia da melancolia da ave nua:

-Todas as flores já choram ,vês aquela rosa amarela encharcada em lágrimas ? Até eu já estou branca e baça de triste.

Vê... Roxxanne , como brilham as estrelas, algumas mais que umas outras, destas ,várias foram gigantes e agora não passam de anãs brancas ,todos nós tivemos oportunidade de brilhar pelo menos uma vez na vida ,temos de aproveitar ,como tu ; usar esse brilho, sim, mas fazê-lo durar o mais possível, como um archote na noite, quando este se apaga cedo demais podemos ficar às escuras e perdidos , sem luar, tens de felicitar-te por teres brilhado ,muitos nunca o fizeram com medo de se exporem, amanhã , outro galináceo será premiado com elogios e também pensará igualar o sol , eu , por meu lado , sou apenas um espelho ,nunca pensei , em ser mais brilhante que ele, contento-me com isso, mas tu ; tu és uma ave magnifica , porque sonhaste o sol.

Todos nós somos filhos do universo e de uma verdade inconciliável ,O Caos, pó das estrelas somos , já todos ardemos em fornalhas como o sol ,até eu própria e lançados no espaço , como filhos e viajando , para SEMPRE Nele.

Mais serena e confiante , a ave do Parnaíso , cantou pela primeira vez e a mais bela canção alguma vez ouvida, viveu feliz em chang-ri-la ou em qualquer outra história dos Homens

JORGE SANTOS

Submited by

Monday, December 21, 2009 - 23:48

Prosas :

Average: 5 (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 4 days 19 hours ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42103

Comments

Angelo's picture

Re: Ave do Parnaíso

Parabéns Jorge pelo texto.

Um abraço
Melo

Joel's picture

obrigado

obrigado

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Ministério da Poesia/General Percas, Carpas … 12 157 02/12/2025 - 09:38 Portuguese
Poesia/General Entreguei-me a quem eu era 5 157 02/11/2025 - 18:02 Portuguese
Ministério da Poesia/General Tomara poder tocar-lhes, 12 150 02/11/2025 - 17:58 Portuguese
Ministério da Poesia/General Duvido do que sei, 9 82 02/11/2025 - 17:56 Portuguese
Ministério da Poesia/General Recordo a papel de seda 6 107 02/11/2025 - 17:38 Portuguese
Ministério da Poesia/General Pois que vida não tem alma 20 120 02/11/2025 - 17:37 Portuguese
Poesia/General Não existo senão por’gora … 0 217 02/11/2025 - 17:25 Portuguese
Poesia/General Cedo serei eu 0 204 02/11/2025 - 17:23 Portuguese
Poesia/General Pra lá do crepúsculo 30 3.720 03/06/2024 - 11:12 Portuguese
Poesia/General Por onde passo não há s’trada. 30 4.375 02/18/2024 - 20:21 Portuguese
Poesia/General Sonhei-me sonhando, 17 5.349 02/12/2024 - 16:06 Portuguese
Ministério da Poesia/General A alegria que eu tinha 23 5.962 12/11/2023 - 20:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General Notas de um velho nojento 7 3.648 12/06/2023 - 21:30 Portuguese
Ministério da Poesia/General (Creio apenas no que sinto) 17 2.683 12/02/2023 - 10:12 Portuguese
Ministério da Poesia/General Vamos falar de mapas 15 8.519 11/30/2023 - 11:20 Portuguese
Ministério da Poesia/General São como nossas as lágrimas 9 1.842 11/28/2023 - 11:11 Portuguese
Poesia/General Entrego-me a quem eu era, 28 3.826 11/28/2023 - 10:47 Portuguese
Ministério da Poesia/General O Homem é um animal “púbico” 11 5.466 11/26/2023 - 18:59 Portuguese
Ministério da Poesia/General A essência do uso é o abuso, 1 4.530 11/25/2023 - 11:02 Portuguese
Ministério da Poesia/General Insha’Allah 2 2.786 11/24/2023 - 12:43 Portuguese
Ministério da Poesia/General No meu espírito chove sempre, 12 2.535 11/24/2023 - 12:42 Portuguese
Ministério da Poesia/General Os destinos mil de mim mesmo. 21 7.615 11/24/2023 - 12:42 Portuguese
Poesia/General “Daqui-a-nada” 20 5.225 11/24/2023 - 11:17 Portuguese
Ministério da Poesia/General Cada passo que dou 0 2.771 11/24/2023 - 09:27 Portuguese
Ministério da Poesia/General Quem sou … 0 3.352 11/24/2023 - 09:26 Portuguese