Final

Ó cores virtuaes que jazeis subterraneas,
—Fulgurações azues, vermelhos de hemoptyse,
Represados clarões, chromaticas vesanias—,
No limbo onde esperaes a luz que vos baptise,

As palpebras cerrae, anciosas não veleis.

Abôrtos que pendeis as frontes côr de cidra,
Tão graves de scismar, nos bocaes dos museus,
E escutando o correr da agua na clepsydra,
Vagamente sorris, resignados e atheus,

Cessae de cogitar, o abysmo não sondeis.

Gemebundo arrulhar dos sonhos não sonhados,
Que toda a noite erraes, doces almas penando,
E as azas laceraes na aresta dos telhados,
E no vento expiraes em um queixume brando,

Adormecei. Não suspireis. Não respireis.

Camilo Pessanha

Submited by

Thursday, April 9, 2009 - 23:41

Poesia Consagrada :

No votes yet

CamiloPessanha

CamiloPessanha's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 13 years 22 weeks ago
Joined: 04/09/2009
Posts:
Points: 150

Add comment

Login to post comments

other contents of CamiloPessanha

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Fotos/Profile Camilo Pessanha 0 914 11/24/2010 - 00:37 Portuguese
Poesia Consagrada/General Final 0 690 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Voz débil que passas 0 650 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Se andava no Jardim 0 824 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Singra o navio. Sob a agua clara 0 770 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Ó meu coração torna para traz 0 668 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Esvelta surge! Vem das aguas, nua 0 850 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/Sonnet Desce em folhedos tenros a collina 0 634 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/Sonnet Tatuagens complicadas do meu peito 0 1.095 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Estátua 0 506 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Caminho 0 760 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Interrogação 0 626 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Viola Chinesa 0 692 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Castelo de Óbidos 0 633 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Violoncelo 0 652 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Ao longe os barcos de flores 0 678 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Fonógrafo 0 751 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General II A Morte, no Pego-Dragão 0 568 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General E eis quanto resta do idílio acabado 0 851 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Inscrição 0 606 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Passou o Outono já, já torna o frio... 0 713 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho 0 688 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Ao meu coração um peso de ferro 0 715 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Chorae arcadas 0 598 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Canção da Partida 0 710 11/19/2010 - 16:49 Portuguese