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Assim na Terra como no reino dos Céus,
pois assim é que funciona todo poder –
até o do Sangue de Jesus,
que ele também é filho de deus, né?
O céu perdoe tantas nuvens.
Ninguém pode ser culpado
pelas bilhares de mortes
por fome ou por guerra,
se um deus houver onipotente
e sumamente bondoso
permitindo tudo isso,
porque o bicho-que-faz-guerra
não é onipotente –
ue dirá bondoso.

Se queres a Paz,
não te rendas jamais!
Sempre é tempo, nunca é tarde,
agora é hora, amanhã é dia!
E o movimento é sexy.

Caríssimo telespectador,
desligue a tevê a tempo
e você não verá
a Terceira Guerra!
Cada qual que entenda
como bem entender.

Você percebe claramente
que perceber não é claro.
É claro que você não tem certeza,
mas tem hora que parece
que tá tudo errado, certo?
Mas não desista agora,
jovem aprendiz de sábio!
Estamos na idade flor,
e ainda temos muito chão!
Capisce, mentecapto:
capitular logo no melhor capítulo?
A morte é certa,
mas viver é impreciso:
nos abismos do pensamento
não há bússolas, apenas amuletos.
Édipo chutou e acertou:
puta genética cármica.
SÓ SEI QUE SEI LÁ.
Quer saber?
Agora você vai aprender uma coisa!
Maestro, tom de manifesto, por favor!

A verdadeira vida é a que se sonha,
mas de olhos bem abertos.
O epicurista menos ingênuo
é aquele que não espera
a realidade objetiva –
aproveitar a vida
não é mesmo uma loucura?
Se a melhor parte da realidade
parece um sonho, viva o sonho!
E não esqueça a trilha sonora.
A TERRA NÃO GIRA EM TORNO DO SOL
SENÃO POR UM EXERCÍCIO DE IMAGINAÇÃO.

A navalha de Occam é a arma da elegância.
A poesia não pode nublar
o céu fatal que nos cobre –
o próprio olhar apenas o fere de leve.
A poesia não basta – a poesia resta.
Palavra é coisa feita?
Frases feito bobas.
Poesia é que nem sexo:
é só vaivém,
variações sobre o mesmo tema,
eterna busca do que se desfaz ao ser tocado.

MANIFESTO DA POESIA PAU-NO-CU –
substituir coração por pulmão,
poesia por anemia, dor por cor,
palavra por catraca, amor por fedor,
corpo por porco, alma por fauna,
e assim erguer uma poética
para além da novela das oito.
Aí você rabisca rabisca rabisca de alto a baixo,
rabisca em xis maiúsculo,
até que não sobre letra – sobre essa letra.
Gatuno de garatujas!

A arte foi banida
do convívio social
e, em protesto, passou
a não servir pra mais nada.
A arte superior
é a de apreciar as demais.
Eita frasaiada linda em folha!
Há coisas tão bonitas
que me dão até um certo nojo

A literatura é uma guerra
travada entre a beleza e a verdade.
E a verdade é que a beleza
varia de cultura para cultura
e de uma época para outra,
só a feiúra é universal!
E é a pior das doenças,
precisamente por não
ser tratada como tal –
todos perdoam os doentes,
mas não os feios.
A beleza de tudo isso
está na justa apreciação da verdade –
e na constatação de que ela
não tem nenhuma boniteza!
Feiúra não põe sobremesa.
A beleza roubada
não se olham as arcadas
nem se lêem os arcanos.
E o cavalo do xadrez é banguela!
É bem verdade que verdades matam.
E se amar é ser escravo,
toda beleza é imperdoável.
A beleza é bem frágil.
A arte será no fundo
apenas a superfície
atrás da qual o artista
se desfaz de toda pista?
Ou só fogos de artifício,
com vermelhos e escarlates?
Poesia será sempre essa estreia?
A literatura é o embelezamento da verdade,
escamoteio do horrível?
Abaixo à literatura!

Beleza de nu é roupa!
A seleção natural é dos mais aptos,
não dos mais belos.
A mamãe natureza
está muito mais próxima
da tecnologia que da arte.
As belezas naturais
são apenas coincidência
do olhar com o ponto de vista.
O bicho-da-fotografia
é que enxerga beleza
onde só há funcionalidade.

Beleza é um tipo de susto,
mescla de fogo e de ópio –
geometria do assombro,
caiba em meu esthetoscópio!

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Saturday, December 19, 2009 - 23:57

Ministério da Poesia :

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