Nasceste preso

Vale a pena chorar?
Tu não vês? Nem elas vêm as lágrimas.
Não vale a pena
Nem gritar
Nem chamar, nem pedir, nem nada
São de falas estas paredes
Não as vês mas estão lá
Não as tocas
Mas não as passas, não

Não vale a pena
Lutar contra o que está, para quê?
Tudo tem limites
Tudo, ouves?
Nada é infinito, ou por outra
Só a estupidez é infinita
E são feitas dela estas paredes
Que não vês mas estão cá

Então tu não sabias?
Já nasceste preso
Eles destinam tudo:
Serás pobre ou rico
Grande ou pequeno
Doutor ou escravo
E no fim morres

Então tu não sabes?
Isto da vida é um inferno
Enchem-te de preconceitos, de tradições
De costumes e religiões
De “não pode ser assim”

Então tu não vês?
Deixam-te a liberdade
De estares preso em ti próprio

Mas não chores
Não és senão uma criança
As crianças sonham
Mesmo que te obrigue a comer a sopa.

Depois revoltam-se
Querem os sonhos
É o fim

Mais tarde são elas que constroem tradições
Preconceitos, tabus, mitos e costumes
São elas que impingem, que fecham
São elas que proíbem, que enlouquecem

Então tu não vês?
Também dás aos outros essa liberdade
Os teus filhos estão presos neles
E tu estás preso em ti próprio.

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Monday, March 28, 2011 - 12:34

Ministério da Poesia :

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Maria Jose Mouraz

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