Greve Geral
Já me tentaram dizer a felicidade por aí…
Coisas de ser e fazer qual esses acorjados e mentidos que se escrevem democratas.
Ao fim de um par janelas abertas onde prorrogo cigarros fúteis, saturo a eufonia liminar dos pássaros transeuntes que voam em lenga-lenga.
Os poetas são uns ordinários vis que gostam de pássaros estúpidos.
Não existem pássaros!
Só ovelhas esvoaçantes que se alinham em rebanho na sofreguidão do repetir.
O mundo é um canteiro crónico de urinas onde mijam todos!
Eu sou o topo inferior da base.
Uma contradição que delira binários de fome, de sede e salários austeros.
Aglutino em torno de mim o vazio dos espaços que me deixam, dos que me partem e dos nunca me foram sequer o perto, o tangível, ou outro algo que me soubesse o afecto das mãos.
Tudo é cardinal.
Ilustração que faz do amor uma contrapartida de classe e renega o interactuo dos antagónicos.
A tenção que tem o operário na sua avidez por uma bela Marilyn género universitário, esbarra no fundo do porta-moedas sem tempo para erudições teatrais nem poder de compra senão para uma simples rapidinha não vá a doutora ter taxímetro.
Não adiro á perfeição.
Sei cruel e matemática esta assembleia de corpos desapaixonados que se manifestam a desvirtuar a curva Gauss.
No entanto insisto em desclassizar a minha classe!
O capital de merda que catadupa em chorrilho e análise propedêutica que faz do prévio epicentro do debate, retira os calos precisos ás enxadas da luta.
Uns afirmam por conveniência, outros por empregos e outros por direcção.
Oiço-os a conferir que temos de bater os exploradores com as armas deles!
Daí, amarfanham em cursos, discursos e radiografias que reescrevem os métodos de luta do proletariado, com palavras e faculdades e delírios em tertúlia estival como se a revolução fosse um part-time de meninos bem numa afirmação rebelde e juvenil na procura da melhor palavra que provoque a catarse do capitalismo.
Já me tentaram dizer a felicidade por aí…
Coisas de ser e fazer qual esses acorjados e mentidos que se escrevem democratas.
Como o invento do sorriso e só isso e mais…
As horas a olharem que o que nos é inalcançável pela expressão, pela palavra.
Amordaço prisioneira a liberdade no céu-da-boca.
É pelo brilho dos vermelhos que me dou a acertar despertadores.
E me sei, ou nos sei, na terra, do nunca é tarde para lutar
Fosse um tudo ou nada fácil não me ser para nos tentar…
E acreditaria nos bons modos das faculdades burguesas.
Olharia para os lados a benzer uns reles cêntimos que dariam para os livros e me tirariam para o pão.
É preciso acontecer.
Como o embrião desembaraçado que deslaça um mero sopro e faz do repente vida.
Queria que desaparecesse tudo á nossa volta sem ter de desaparecer.
Puta que pariu o verbo.
A sinestesia serve aos poetas torpes, não aos operários!
Que se foda o amor!
Greve Geral Já!
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 437 reads
Add comment
other contents of Lapis-Lazuli
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Fotos/Perfil | 3517 | 1 | 3.649 | 03/13/2018 - 21:32 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | In Vapore Sano | 4 | 2.779 | 03/13/2018 - 21:32 | Inglés | |
Poesia/Aforismo | Era só isto que eu queria dizer | 1 | 2.438 | 02/27/2018 - 10:22 | Inglés | |
Poesia/Aforismo | salgo :33 Isaías sonha que aos fala aos camones | 0 | 2.018 | 06/20/2014 - 15:41 | Inglés | |
Poesia/General | Boca Do Inferno | 0 | 5.569 | 07/04/2013 - 22:44 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | veludo | 3 | 2.586 | 05/15/2013 - 17:34 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Segundo Reza a Morte | 0 | 2.482 | 10/04/2011 - 17:19 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Fumo | 0 | 2.369 | 09/23/2011 - 12:00 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | De olhos fechados | 3 | 2.800 | 09/20/2011 - 22:11 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Tundra | 0 | 2.374 | 09/20/2011 - 16:36 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Vazio | 3 | 2.422 | 09/16/2011 - 11:00 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Intento | 0 | 1.983 | 09/05/2011 - 16:52 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Palma Porque sim...Minha Senhora da Solidão | 0 | 2.293 | 08/29/2011 - 11:13 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Editorial | 0 | 2.438 | 08/29/2011 - 11:08 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Ermo Corpo Desabitado | 0 | 2.621 | 08/29/2011 - 11:04 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Dos passos que fazem eco | 1 | 2.099 | 06/21/2011 - 22:06 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Autoretrato sem dó menor | 3 | 3.739 | 03/28/2011 - 23:34 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Todo o mundo que tenho | 2 | 2.420 | 03/09/2011 - 08:23 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | 3516 | 0 | 4.258 | 11/24/2010 - 00:55 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | 3518 | 0 | 3.961 | 11/24/2010 - 00:55 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | 2672 | 0 | 5.442 | 11/24/2010 - 00:51 | Portuguese | |
Prosas/Otros | A ultima vez no mundo | 0 | 2.454 | 11/18/2010 - 23:56 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Os filhos de Emilia Batalha | 0 | 2.666 | 11/18/2010 - 23:56 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Veredictos | 0 | 2.391 | 11/18/2010 - 16:41 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Nada mais fácil que isto | 0 | 2.420 | 11/18/2010 - 16:41 | Portuguese |
Comentarios
Re: Greve Geral
Um Protesto em Manifesto de palavras livres ,um vociferar histérico e farto .
Por isso Greve Geral .
Muito bom !!!
Abraços
Susan
Re: Greve Geral
"Olharia para os lados a benzer uns reles cêntimos que dariam para os livros e me tirariam para o pão. "
Adoro parar para te ler...
As tuas criticas têm sempre um timbre intenso de sensibilidade...
Beijinho em ti, Lápis!
Inês