as lágrimas corretas...

Hoje, que venham para o brinde, todos os poetas... e glória aos guerrilheiros...
Dançam na cabana os marinheiros... e sobre as obras derradeiras, pisam os centauros...
Que venham para a festa os literários, todos os tipos da raça e os lixeiros, mas que tragam as bazucas azeitadas...
Que venham as musas com cachorros perdigueiros...
Mas nenhuma mágica vai se desdobrar no pátio...
Esparramo no terreno, apenas as obras perfeitas... e mal acabadas, as lágrimas corretas...
Hoje venham para a valsa, os vampiros... a noite é de festa... e temos a seresta como mágoa a ser desfeita...
Desfruta então as músicas dos sinos... E rasga as telas de arabesto...
Deságua a eterna mágica do leito... e faz que as cicatrizes se desmanchem em delírio...
Pega o copo, enche sua taça deste vinho...
Seco! Eu decido...
Hoje, sei que finda a última batalha, e o jovem Werther anuncia o suicídio!
Wilhelm Meister se descobre apaixonado, ou como títere ainda se acredita divertido...
Vamos, vamos colher os limões galegos... azedos como o suor de diabos... as escamas da medusa me dão medo...
Balsa... com V mudo me assaltam os passageiros...
Nada tenho que me traga um romance mosqueteiro... capa & espada... nada tenho que me arraste ao mundo inteiro...
Dom Quixote se envelhece num barraco, num barranco escondo os lábios desperfeitos...
Desperta a música no pátio... eu, assim, descabelado, vou sonhando sem um sol que me alimente...
Nessa noite, temos brasas nos sapatos... e trazer uma cantiga que embale os homens bêbados...
Todos os heróis já vomitaram...
Agora, resta ver a verdade direito... com tato, apalpar as poucas medalhas no peito...
Como cegos, acordar sem as trombetas... nada tem de eterno essas palavras no caderno...
Nada tem de milagre... meu vinho já tem gosto de vinagre...
O Pão embolorado, se desbota sem Van Gogh pincelado... e tem o gosto antigo da fumaça de ervas proibidas...
Eu volto meu olhar para o lado mais calmo das estátuas... e sei que as patas do centauro ainda cavalgam ligeiras pelo asfalto...
Senta-te a meu lado, estende-me a mão... peça-me um abraço...
Vou na velocidade da lama, que é lenta, mas engana...
Vou em direção diferente... do que antes eu tinha em mente...
Meu sêmen se acumula latente... sem disfarce...
As sementes das quaresmas, estraçalham as vidraças...
Nada mente... apenas se floreia o caminho dessa vida sem jardim...
Venham mesmo, todos os poetas... venham a mim...
Minha lavoura vos espera! Minha terra...
Mas nenhuma mágica, nenhum milagre, nem nesta e nem em todas as noites futuras...
Marx nos alerta... Que fujam todos os poetas... para os campos de produção sem fim... que finjam ao menos, trabalhar sobre a matéria...
Marx nos liberta... de ser sempre a mesma histeria... Que fujam para a história os anacletas
Nada tem fim... nem a mão que me embala, nem nossa grande muralha... nem a marcha de Mao timoneiro... Nada tem fim... Nem a dor antiga que não cicatriza direito...
Nada tem fim... e nem começo...

Submited by

Jueves, Marzo 3, 2011 - 16:22

Poesia :

Sin votos aún

marcelocampello

Imagen de marcelocampello
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 10 años 52 semanas
Integró: 03/02/2011
Posts:
Points: 310

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of marcelocampello

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Meditación A história da cabeça que fugiu dos pés! 4 1.429 06/10/2012 - 21:03 Portuguese
Poesia/Meditación The story of a head that ran from its feet 0 1.884 06/10/2012 - 11:07 Inglés
Poesia/General Dr. Jekyll: Pb > Au 0 1.592 12/12/2011 - 10:26 Portuguese
Poesia/General Cavaleiro de Copas 0 1.648 12/09/2011 - 18:40 Portuguese
Poesia/Intervención BELO MONTE 0 1.399 12/09/2011 - 18:03 Portuguese
Poesia/General Gilliat e Deruchete 1 2.510 12/01/2011 - 17:42 Portuguese
Poesia/General Pessoas são como países (reeditado) 0 1.421 10/25/2011 - 13:47 Portuguese
Poesia/General PESSOAS SAO COMO PAISES 0 1.380 10/25/2011 - 13:41 Portuguese
Poesia/General ENTROPIA MONETÁRIA 0 1.654 10/07/2011 - 14:50 Portuguese
Poesia/General MORO NESSA CASA VAZIA 0 1.568 10/07/2011 - 14:46 Portuguese
Poesia/Fantasía Amores e Mamutes 4 1.559 04/30/2011 - 15:59 Portuguese
Poesia/Amistad Jocasta, Amelie Poulain e Lili Carabina 2 2.108 04/28/2011 - 19:40 Portuguese
Poesia/General A MENINA NA CAVERNA 0 1.880 04/27/2011 - 14:16 Portuguese
Poesia/General O Eco, a Sombra e as Estrelas 1 2.062 04/27/2011 - 02:48 Portuguese
Poesia/General FANTASIA MIGRANTE 3 1.687 04/19/2011 - 18:00 Portuguese
Poesia/General Canção em Espiral 1 1.359 04/16/2011 - 03:08 Portuguese
Poesia/General Tropa serena 0 2.045 04/16/2011 - 00:52 Portuguese
Poesia/General Desculpai-me insetos! 2 2.187 04/13/2011 - 21:52 Portuguese
Poesia/General Algum abandono previsível! 3 1.839 04/12/2011 - 13:02 Portuguese
Poesia/General Mom made a doll 0 1.638 04/09/2011 - 22:18 Inglés
Poesia/General Jocasta, Amelie Poulain e Lili Carabina 0 2.215 04/09/2011 - 15:18 Inglés
Poesia/General The poem's not love 0 1.663 04/09/2011 - 15:17 Inglés
Poesia/General Adrift 0 2.032 04/09/2011 - 15:16 Inglés
Poesia/General Encerrai a cavalgada! 2 1.500 04/09/2011 - 10:51 Portuguese
Poesia/General Passou o tempo querida! 6 1.612 04/05/2011 - 11:33 Portuguese