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Apontamentos inúteis aos dedos de uma mão só
Nota prévia:
O homem que não consegue ver o que está por detrás daquilo que está à sua frente, é um homem cego.
1.
Regra para a ignorância.
Para que uma história, teoria, tese ou doutrina, seja aceite como verdadeira pelo maior número de pessoas, deve, obrigatoriamente, ser comprovada na prática, pelo menor número de pessoas possível. Isto é regra. A única destas, que é absolutamente verdadeira para todos, que não pode ser desmentida, é aquela que pela prática, ninguém pode ou quer comprovar.
2.
Regra de trânsito.
A vida é tão simples como um semáforo qualquer. Uma parte verde, uma parte vermelha, uma parte, és tu, a outra, o que querias ser. É tão intermitente quanto a intuição que sentes. Se sentires que podes avançar, avança, porque o sinal está verde e a realidade acaba por se render à tua vontade. Se te soar um alerta, então pára, porque está sinal vermelho e é altura de dar tempo ao tempo e deixar a vida acontecer, e se alguém te disser que há algo mais, que existe um laranja qualquer nas encruzilhadas da vida, não caias nessa, porque o laranja está lá só para criar acidentes.
3.
A realidade é um sistema.
A realidade é composta por um conjunto de convenções de ordem social, ou política, ou religiosa. Por parâmetros pré-concebidos e pelos quais orientamos a nossa vida, seja por opção, ou falta dela, seja por forma de integração, ou apenas por puro carneirismo. Seguimos o que está instituído, sem questionarmos o direito, a moralidade ou veracidade destes sistemas. Somos ilusoriamente livres e como em toda a ilusão, esta liberdade tem ares de liberdade, tem gosto de liberdade, mas não é realmente liberdade.
O sistema estuda o ser humano, ilude-o e explora as suas falhas para se manter e prosperar, o ser humano deve, por uma questão de justiça, fazer o mesmo, deve estudar e iludir o sistema, explorar as suas falhas, viver e prosperar.
A realidade é um sistema. A liberdade, uma falha no sistema.
4.
Máquina da mentira.
Uma mentira é sempre mentira. Quando a mesma é dita ou defendida por pessoas ou grupos de pessoas diferentes, ela, como mentira generalizada, vale por si, não tem rosto, é indiferente às diferentes partes que com ela e por ela se movimentam. Estas pessoas ou grupos de pessoas não passam de engrenagens de uma mesma máquina, substituindo-se por vezes, outras complementando-se entre si, mas impotentes para alterar o objectivo, a meta da máquina, limitando-se a contribuir, de forma mais ou menos efectiva para o seu curso, a sua marcha, o funcionamento do qual também beneficiam por compensação. Acho que não é mentira, se chamar de governo a esta máquina e de políticos ou partidos políticos às engrenagens, se for mentira, é porque faz também ela parte da máquina, beneficiando, quem tenha interesse em desmenti-la.
5.
Da responsabilidade das partes agregadas voluntariamente.
Tendo-se juntado, voluntariamente, diferentes partes individuais em torno de uma causa ou propósito, assumem estas partes a responsabilidade do bom funcionamento do todo que formam, assim como do bom funcionamento de todas partes que compõem. Quando do todo, está ou é designada uma parte, que tem por função principal zelar pelo funcionamento saudável do todo e das partes, designação essa reconhecida, aceite ou delegada pelas restantes, quando essa parte, desconsidera e negligencia de alguma forma o funcionamento saudável de uma outra parte, negligenciando como consequência também o funcionamento do todo, deixa de, moralmente e a partir dessa altura, ter o direito de solicitar qualquer compromisso adicional em nome do todo ou dela própria à parte desconsiderada, tendo esta também o direito moral de recusar a mesma solicitação, caso aconteça. Da responsabilidade das partes para com o todo, resulta a responsabilidade de qualquer parte para com as outras partes, sendo o contrário também verdadeiro. Este é um pilar fundamental, e claro saudável, na base de qualquer família, de qualquer empresa, de qualquer grupo, de qualquer sociedade de agregação voluntária.
6.
Debates políticos televisivos.
As discussões ou os debates políticos televisivos, deviam acabar logo após a apresentação dos intervenientes. Tudo o que vá além disso, é, literalmente, o mudo a dizer que falou, o surdo a dizer que ouviu e uma porrada de cegos a assistir.
7.
Estafeta 4x100 vs fotofinish.
A prova de estafetas, é, provavelmente, a modalidade mais inglória para os elementos que, em grupos de quatro, constituem equipas participantes. Nesta prova não importa a efectividade dos teus 100 metros, o valor da tua participação, seja ele de grande ou de pequena monta, porque no final, só o último a correr, o que corta a meta, é que aparece na fotografia.
8.
A coisa mais estupida do mundo.
A verdade, é que às vezes pela simples razão de dizer o que penso, sinto-me a pessoa mais estúpida do mundo. Por causa disto, outras vezes não o digo e, ao fazê-lo, sinto-me a pessoa mais estúpida do mundo, o que também é verdadeiro. De qualquer modo e para o efeito, é como se pensar e o simples processo de fazê-lo, fosse a coisa mais estúpida do mundo. Por esta razão, a de me sentir a pessoa mais estúpida do mundo, é que insisto na estupidez de continuar a pensar, e isto é simples e verdadeiro.
9.
A segunda coisa mais estúpida do mundo.
A segunda coisa mais estúpida do mundo é discutir com alguém por assuntos ou temas nos quais não acreditamos, além de ser uma tremenda perda de energia, reduz, ao tempo de vida útil no mundo de ambos os intervenientes, o tempo gasto na discussão, o que torna a segunda coisa mais estúpida do mundo, na coisa mais inútil do mundo. Para que conste, a coisa mais estúpida do mundo é o pensamento. Foi o pensamento, a coisa mais estúpida do mundo, que me levou à segunda coisa mais estúpida do mundo, a ideia exposta neste texto, que por sua vez, é a coisa mais inútil do mundo. O que me leva a pensar que estou a perder o meu tempo a escrever esta nota, também ela estúpida e inútil.
10.
A verdade da pedra.
A inteligência varia na razão directa ao tempo que cada um dispõe a pensar sobre as coisas. Para pensar claramente nas coisas, é necessário reduzir o pensamento à simplicidade das mesmas, depois aprender com elas e a partir desta acção, voltar a construir o pensamento. Por exemplo uma pedra, a maior descoberta que posso fazer sobre uma pedra, além de saber que ela existe, é olhar para ela como se fosse a primeira vez, como se não soubesse o que uma pedra é, ou seja, é apagar a definição mental que me faz reconhecer as pedras sem estar a olhar para elas. Assim, ao tocar uma pedra e ao sentir-lhe a dureza, posso aprender com ela que é dura, ao sentir-lhe a textura, a forma, ao ver-lhe a cor, posso aprender com ela as características que a definem como pedra e que a fazem ser única, e ao falar desta pedra a alguém, vou poder ser verdadeiro, porque aquilo que vou dizer é a verdade da pedra e não a minha ou a de outra pessoa qualquer, e isto é ser inteligente.
11.
Mente.
A mente é um engano, vá, uma mentira universal e instituída. É uma ilha dentro da consciência, não passa de uma zona de conforto, uma compensação da realidade de não existir. É como aquela coisa que compramos e nos oferecemos para compensar uma ausência qualquer, que não passa de uma ilusão, e como ilusão que é, a mente protege-se a si própria, gerando contextos para se justificar real: cenários futuros; projecções; reflexos; memorias passadas; recordações; lembranças, ilusões criadas a partir de ilusões. É o momento em que a realidade por ela criada, a ilusão, já não a distingue como ilusão, crendo-a real. O momento em que nos torna escravos da sua escolha inconsciente de separação de uma consciência no presente. Escravos, da sua inexistência.
12.
Consciência.
A consciência é o meu único deus.
O meu único mandamento, não como origem, nem como fim, mas como meio para todas as coisas imutáveis.
Compreende todos os pensamentos individuais, todas as filosofias, todas as manifestações físicas e espirituais e funde-as em unidade, em um todo existencial.
Nela não existem conceitos religiosos, nem políticos, nem sociais, não existe dualidade, não há o certo nem o errado, porque como todo, não pode ser regida por leis.
Ao todo não se aplicam as leis das partes, são as partes que se regem pelas leis do todo e ela, a consciência, é a única lei que me rege.
13.
Da beleza das coisas.
Tudo o que é belo, não tem, por aparência, beleza alguma, nem se importa se é belo ou não, sendo essa a sua beleza. A outra, a aparente, existe apenas como conceito na mente de quem a vê. Tudo o que é belo não reflecte como espelho o conceito. Fazê-lo é preconceito, é um reflexo parcial e fiel da imagem de quem o concebe.
Nota final:
Não te importes com o mal e o mal não se importará contigo, faz o bem e o bem reconhecer-se-á em ti. Não sei o que isto quer dizer, nem qual o sentido de o dizer, mas parece-me que está certo, porque quando o sinto faz sentido.
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