CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Mil torrentes II (A memória das naus)

"As mil torrentes, nas quais navegamos,
às vezes amamos, às vezes odiamos.
Delas tiramos o nosso sustento,
delas emergem os nossos tormentos.
Mas, protegidos estaremos nós,
eu e meu amo, nas águas, a sós:
todas, da Lei, vêm, as nossas vontades,
amar o devir rege nossas verdades.

Desde que ao mar nos lançamos, então,
e suas belas águas são nossa mansão,
uma aventura se escreve nas águas
que ora são bravas, ora são calmas.
Suas espumas brancas e salinas
transformam-se em folhas de papel e em linhas
e quanto mais espuma n’água crescer,
mais deste conto poderei escrever.

Singro meu mogno por diversas vias
e nelas viajo a sonhar com o dia
em que o mundo não tenha tantas diferenças
nem tantas guerras por estúpidas crenças;
um mundo unido por um povo enorme,
terras e mares sequer terão nomes;
povos não mais usarão suas bandeiras
e nem demarcarão suas inúteis fronteiras.

Navegamos por noites inteiras e dias
sem nos importar para onde o vento nos guia.
Por vezes, acredito rodando estar,
sempre circulando, sem sair do lugar.
Percorremos os labirintos da emoção
e dobramos as esquinas desta ficção
que é a vida guiada por várias miragens
que regem e povoam as nossas viagens.

De dia, o Sol e, de noite, a Lua:
cada um a seu tempo, constante, atua;
a Dalva, que brilha mais e é a mais bela,
a Vega, que serve de guia à minha vela;
nada sabemos sobre estes amigos
que sempre nos guiam quando em perigos.
E quando meu amo os fica a admirar,
é si mesmo quem, realmente, ele quer alcançar.

Muitas questões para poucas respostas,
muitas à frente e poucas às costas!
O que já ultrapassamos é pouco,
pois, tudo saber nos deixaria loucos!
Mas, uma coisa não posso negar:
os poderes do mundo irão determinar
quais navios continuam a navegar
e quais aqueles que irão afundar..."

Septentrio, Meridies, Orientis, Occidens.
Vernum, Æstas, Autumnus, Hiems.
Ignis, Aqua, Ær, Terra.
Solis, Luna, Cælum, Ventus.
Lignum.
Tempus.

NOTA (Encravado no casco da nau, em Latim): Septentrio=Norte, Meridies=Sul, Orientis=Leste, Occidens=Oeste, Vernum=Primavera, Æstas=Verão, Autumnus=Outono, Hiems=Inverno, Ignis=Fogo, Aqua=Água, Ær=Ar, Terra=Terra, Solis=Sol, Luna=Lua, Cælum=Céu, Ventus=Vento, Lignum=Madeira, Tempus=Tempo.

[size=xx-small][font=Courier]Minha pequena canção épica (vejam também as partes I, III e IV. Vejam também os meus outros textos, comentem, ficarei feliz em receber comentários.[/font][/size]

Submited by

terça-feira, maio 4, 2010 - 20:06

Poesia :

Your rating: None (3 votes)

MaynardoAlves

imagem de MaynardoAlves
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 4 semanas 1 dia
Membro desde: 05/02/2010
Conteúdos:
Pontos: 597

Comentários

imagem de MaynardoAlves

Mil torrentes II (A memória das naus)

As possíveis reflexões do navio (que é o personagem coadjuvante que, juntamente com o marinheiro solitário, lança-se ao mundo numa viagem em busca do autoconhecimento).

imagem de Henrique

Re: Mil torrentes II (A memória das naus)

Bom poema!!!

:-)

imagem de MaynardoAlves

Re: Mil torrentes II (A memória das naus)

Muito obrigado, Henrique!

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of MaynardoAlves

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Canção Mil torrentes III (A liberdade de escolha) 1 629 09/29/2016 - 15:35 Português
Poesia/Canção Mil torrentes IV (A fé dos nautas) 3 593 09/29/2016 - 15:41 Português
Poesia/Canção Mil torrentes V (A razão do viajante) 1 877 09/29/2016 - 15:45 Português
Poesia/Fantasia Milagre 1 612 09/29/2016 - 15:49 Português
Poesia/Pensamentos Árvore 1 702 09/29/2016 - 15:52 Português
Poesia/Soneto O tempo e o vento 1 793 09/29/2016 - 15:57 Português
Poesia/Pensamentos Da dor e amor de escrever: um metapoema 1 886 09/29/2016 - 16:01 Português
Poesia/Tristeza Sopa de poemas (e as ruas da cidade) 1 684 09/29/2016 - 16:14 Português
Poesia/Pensamentos Das mazelas que o tempo impõe ao pensamento 3 877 09/29/2016 - 16:17 Português
Poesia/Pensamentos Das mazelas que o tempo impõe ao corpo 1 582 09/29/2016 - 16:19 Português
Poesia/Intervenção Ao romper da nova aurora ou Ao cair as verdades arbitrárias 1 1.208 09/29/2016 - 16:24 Português
Poesia/Dedicado Epitáfio 3 517 09/29/2016 - 16:27 Português
Poesia/Meditação Bom dia, ateu 5 1.021 09/29/2016 - 16:29 Português
Poesia/Acrósticos Diógenes de Sínope 1 1.281 09/29/2016 - 16:36 Português
Poesia/Geral A sala de reunião 1 550 09/29/2016 - 16:38 Português
Poesia/Meditação A busca 1 660 09/29/2016 - 16:41 Português
Poesia/Meditação Ápeiron 1 1.794 09/29/2016 - 16:44 Português
Poesia/Aforismo Beda ou Fracasso 1 1.418 09/29/2016 - 17:21 Português
Poesia/Aforismo Hillel 1 1.958 09/29/2016 - 17:28 Português
Poesia/Geral Calendário 1 939 09/29/2016 - 17:37 Português
Musica/Outro Dúvida... 1 10.408 09/29/2016 - 17:38 Português
Prosas/Ficção Cientifica Um fascinante trecho do livro “Fahrenheit 451” (de 1953) - do escritor Ray Bradbury 1 4.711 09/29/2016 - 17:40 Português
Poesia/Pensamentos O cínico 1 954 10/10/2016 - 20:30 Português
Poesia/Tristeza O desilusionista 1 954 10/11/2016 - 15:17 Português
Poesia/Meditação Evolução? 2 888 10/12/2016 - 13:34 Português