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O Albergue Anarquista

Vem cá, respira camarada! Deita na pedra, desaperta o cinto,
Tomaste um tiro da vida, na verdade, uma rajada!
Mas és bonito! Mesmo explodido pela granada...
Escrevo pra sua alma, murmuro ao pé do ouvido!

Então se acalma da guerra. Apaga
A lucidez da luz... Não é chegada à hora.
(escuta o poema) Espera... Expande os alvéolos...

Enfim, respira! Mantenha-te vivo! Ordeno!
Vieste da longa jornada, barbado...
Descansa, apenas respira, acalma...

Eis me aqui, seu irmão, protegendo-te da febre...
Desaba aqui em meu colo, enfim, fecha os olhos...

Encosta o escudo e a adaga
Já entramos no castelo, subimos pelas escadas.
Então apenas escuta o som daquela cascata!

Eis aqui tua estrela... Que sempre brilha...
Escuta essa ave Maria soada na flauta.
Eis sua canção, a sinfonia da estrada...
Respira mais fundo... Mais fundo... Mais fundo na alma.

Aspira o sabor da flor... Isso, agora apaga a vela...
Mais fundo!

Dorme tranqüilo, à luz da lua.
Condor andarilho de cordilheiras. Flutua...
Aquieta o coração que palpita, deixe embalar na cantiga
Lavamos as patas e seu cansaço...
Toma seu lenço, encobre tua chaga
Enxágua esse rosto ferido
No remanso desse regato, dispa a farda...
Desembarace das tramas seu sorriso largo...
Deita aqui... Agora jogaremos búzios...

Fazemos a oração dos antigos, da velha caipira que fuma
Da benzedeira que fomos, da maga
Que valsa na fogueira acesa...

Descansa compadre, sossega, apazigua a mágoa que ferve...
Destila o veneno ofídio, esvazia toda essa lágrima
Que cirze os rins junto à raiva.
Leremos juntos os Miseráveis...

Derrama, desarma, desmancha...
Descanse-se Sísifo! Deixa rolar a rocha.
Desaba!

Repita conosco esse mantra, toma da manta e do trigo...
Se cobre da fome e do frio... Ao filho, nos braços, damos abrigo.

Dormiu Jean Valjean na rede...
Eis ai um homem cansado!
A vida lateja frágil
Agora, é manter o ar limpo...
O fogo aceso com sebo

Eu guardo, velo, sustento
e selo a ferida com saliva e banha de lagarto.
Eu zelo por ti amigo
... Desaba, confia!
E para sempre, respira!
 

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quarta-feira, março 2, 2011 - 18:23

Poesia :

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marcelocampello

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Comentários

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O Albergue Anarquista

É realmente um albergue anarquista, você que o disse!

Meus parabéns,

MarneDulinski

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Exatamente

Depois de longo tempo que vi seu comentario...

mas é isso mesmo, um albergue anarquista, retratando um homem cuidando de outro, como um pai e um filho, uma mae, um amigo ou alguem que sinta carinho pelo homem exausto e combativo!

As palavras que eu gostaria de escutar quando eu estivesse no limite de meus esforços!

Abraços grande cumpadre!

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