Por onde passo não há s’trada.
Não acredito sinceramente em tudo,
Por mais que afirme crer em muito
Que outros creem e aceitem deveras,
Como numa tocha acesa sem fumo,
Sou uma bola de neve negra no futuro
Direto onde quebro, me desfaço areia
No fim de um anónimo fim d’dia, nulo
Pra sentir que sou quem seria, Mórmon
Se fosse pensar quem eu m’penso
E me sinto durante a torácica descida,
Apenso à geometria duma estéril s’fera
Em vidro, oca e baça por dentro, ácida
Ao centro. Sou tudo quanto há a meio
De uma vazia sala sem troféus, ações,
Além das atitudes despidas de gestos
Que decidem o meu decidir moroso,
Processo em que me revelo capaz
De mentir sem o atávico esforço geral
-mente atribuído erroneamente a outros
Mais rapaces que eu me sinto e sou.
Não há na vida uma só verdade clara,
Tão cara quanto a minha, claro que eu
Encarno como meu o sonho que é ser
Senhor do universo, toda a dor do cervo,
Todo o insucesso que soube chamar
De meu, ouso ouvir-me dizendo não sei
Quando me perco, me confunde enredo,
O que acredito ser lei, minto o que sinto
Embora não sinta absolutamente nada,
Por mais que minta a mim próprio e muito,
Sem querer ou querendo dizer o que
Deveras minto, sem ser exato ou certo,
Que sinto, me perdi de mim próprio e
Estranhamente me desconheço, enfim
Caminho, não sou eu nem minha a
Passada, nem por onde passo, s’trada.
Joel Matos (13 fevereiro 2024)
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Passada, nem por onde passo, s’trada
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