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É natal, e há sinos a tocar lá fora.
Insuflados egos. Poetas cegos.
Hora de acordar, há morte lá fora a rondar pessoas de pele e osso. Abutres ao céu.
Clarividência, assombro de voz.
Iluminadas mentes à perseguição do miolo da noz.
A revelação das palavras vãs, gordas e fartas de carvão a esborratar folhas e folhas, e, mais folhas.
Não sei de vós.
Poetas.
Sei do tempo delicado, em volta do ninho de um pardal, que por si aprende a voar.
Sei do espaço escuro, que comporta as paredes da caverna impenetrável onde o mar liberta a fúria e sei da matéria indivisível que se forma na extensão da base, da montanha dos justos.
Sei com quantos passos se percorre a estrada das lágrimas, que guia as almas à elevação para assim, aceitarem caladas o gume da foice, antes de descerem ao inferno ou subirem ao céu.
Não sei de vós.
Insuflados egos. Poetas cegos.
Clarividência, assombro de voz.
Renasço e morro, por cada vez que nasce e morre uma criança, e renasço sempre, com o vazio da vida perdida e não vivida, a latejar no peito.
Sei de crateras assombradas nos confins do cosmos, onde agonizam as estrelas que deixam de brilhar, sopradas pela mais fria solidão.
Não sei de vós.
Poetas.
Iluminadas mentes à perseguição do miolo da noz.
Palavras ocas, vestes de falsos puritanos, roupas que me impõem, rasgadas. E não, não quero saber delas também. Que ardam na fogueira do apocalipse.
Sei da inevitabilidade da morte, e do seu valor, pela medida e grandeza da vida dos homens íntegros, não dos que de íntegros se fazem, e sei da necessidade da dor, e do seu significado, pela intensidade do sofrimento - aquele sofrimento que me trazem.
A maior das dores, é causa directa do impacto de pedras, e por serem pedras e mudas, não falam sobre a motivação da mão que as lança no escuro.
Sei, que sem mágicos não há magia. Sei do natal das crianças que ainda acreditam e sonham, e do natal dos pais das crianças que não podem e sofrem, em lágrimas a pender sorrisos e afagos à ceia remediada.
Pudesse eu ignorar, fechar os olhos e não andaria à volta do meu umbigo a inventar esta forma de escrever amor.
Iluminadas mentes à perseguição do miolo da noz.
Poetas.
Nada sei de vós.
À pretensão em meus pensamentos. Sequer. Um balde de água suja, a dizer-se parte do oceano azul.
Mas sei, o que me faz homem por inteiro, e erguer face à adversidade.
Não há palavras nem vontades que me quebrem e retirem dignidade.
Não há palavras que derrubem os homens, que se formam e crescem apoiados no respeito.
Sei de mim e dos que amo, e dos princípios pela honra, que me fazem levantar, ser e viver.
Até ao dia, que me foi designado, para morrer.
Não sei de mais ninguém e nunca quis saber.
Clarividência, assombro de voz.
Poetas.
Nada sei de vós.
É natal, e há sinos a tocar lá fora.
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Comentários
Olá Nuno, Deparo-me com um
Olá Nuno,
Deparo-me com um grande texto...! Falas de muitas coisas, algumas, creio, em forma de recado "Palavras ocas, vestes de falsos puritanos, roupas que me impõem, rasgadas. E não, não quero saber delas também. Que ardam na fogueira do apocalipse." (critica até), denotando-se alguma revolta e tristeza. Resignado perante a inevitabilidade de certas coisas na vida, ao mesmo tempo transmitindo força às almas humanas que somos. Sem saber (ou mesmo sabendo) o sabes, sem o fazer o estás a fazer. Este é um principio. Um texto inspiradíssimo, a despontar uma energia impressionante. As frases repetidas ao longo do mesmo dão-lhe ainda mais significado, reforçando as ideias (no meu entender) que acabei de descrever.
Parabéns por este regresso tão inspirado.
Feliz Natal.
Saudações,
Clarisse
Um Grande Reencontro
Mais um fantástico reencontro, a ti nobre poeta que havia perdidoo rasto.
Mudaste um pouco a tua forma, mas o espanto da surpresa, nas linhas cruzadas da tua alma rectilinia nos traz as doces recordações , de uma época do ano, em que a solidfão usualmente desassosega.
Há sinos de alvissaras, a tocar lá fora. Há frio, peru e bacalhau. Mas há igualmente a dor do poeta, que nem pedras o calam.
Muito bom poder te reler!