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A 3ª última Grande Guerra
Estão lançadas sobre os nossos dias
As convulsivas sensações de desordem.
Os anos eram como páginas
Escritas por diversas mãos
Cujas palavras se desentendiam
Em meio aos séculos que se sucediam.
Veja! No entorpecente holocausto da vida, estamos sobre o efeito borboleta:
Há muito, muito tempo
Sobre os campos extensos
Do passado florido voou uma, e depois mais uma, e então várias
Borboletas, e vieram e foram
E voaram e revoaram
Até ficarmos sonsos com tanta beleza.
Em meio ao firmamento
As cores se misturavam num movimento indescritível
De bater de asas de cada inseto lepidóptero.
É possível um simples bater de asas formar um tornado?
Olhamos para o lado e não enxergamos
Que vivemos um furacão
Causado por nossas próprias asas.
Ontem senti apenas uma brisa na minha orelha,
As horas passaram e ela se transformou
Num gigantesco pássaro primitivo com penas circulares.
Ele voava estranho e meio tonto,
Onde passava engolia o que encontrava.
Hoje estou sendo puxado pelo centro deste ciclone
E amanhã rodopiarei pelo seu perímetro
Até cair num universo
Sem uma Terra para me suavizar a queda.
Adentrei no desordenado e organizado quarto do Lorde Caos
À procura de uma Solução. Diante tal bagunça não consegui
Encontrar o que procurava e só o Lorde sabia onde ela estava,
Mas onde estava o Lorde para mostrar-me o paradeiro da Solução?
Nossa história será contada por ninguém ao lado de nada
Num horrível amor
Da peste do novo Império eletrônico.
Ouça o trem da divindade perdido nas linhas do mundo
Sem ao menos parar na nossa estação!
Buscamos na hóstia nossa libertação.
Antes de cair, lembro de assistir a T.V:
Vi a Dor ser gerada e clonada
Vi o Amor nascer e ser abortado.
(Lutamos na batalha Psíquica)
Vi a Paz ser deixada sozinha num quarto escuro
Enquanto a Violência crescia com os maus tratos da Desigualdade.
Vi os helicópteros dispararem em redemoinhos
Suas honrosas e bestiais Forças sarcásticas
Sobre os campos planetários.
Ao aterrissarem perceberam
Que cavaram suas próprias covas
E que tudo ao redor era um imenso cemitério.
Vi o jardineiro plantar no nosso jardim
Uma linda, porém, temperamental
Flor atômica que ficou feia e daninha
Quando usaram adubos de lágrimas infantis.
Dormimos nesta metafísica fractal
Para pensarmos de forma caótica.
Quantas vezes mais teremos que vender nossas almas ao acaso?
Quero que o acaso apareça num acaso.
Costuramos nossas bocas cada vez que culpamos,
Só que rompemos a costura quando a abrimos outra vez.
Sei que não sou mais um a caminhar
No meio da multidão com arrependimento,
Mas me equilibro descalço neste fio de arame farpado.
Se cair, continuarei a cair num universo
Sem uma Terra para me suavizar a queda.
Dói o que sinto agora!
O lado afiado da memória corta latejante.
Éramos crianças insanas nas profundezas das florestas,
Doidas por uma brincadeira a mais.
No meio de nossos desejos inocentes
Rabiscamos por cima do Verde, o Amarelo desértico.
Tentamos entrar na suave floresta novamente,
Mas só conseguimos entrar no sonho quente.
Venha comigo!
Crianças barrigudas e metamórficas
Deliciavam-se com o barro quente,
Enquanto comíamos suculentos bifes
Em pratos e talheres luxuriosos.
Quem se saciava mais?
Aquele que vive sem saber que está vivo?
Ou aquele que vive sem saber o que é a vida?
Alguns vivem para comer,
Outros comem para viver.
Enchemos a pança e ficamos preguiçosos
Que nem conseguimos discernir
A lama da comida,
A fartura da fome.
Não nos colocamos no lugar do próximo.
Sentir pena é o mesmo que se sentir superior.
Os doentes não são aquelas crianças,
Mas sim os plácidos e gordos generais,
Os presidenciáveis em seus caros ternos,
Os bancos em suas “telemartelagens”,
As palavras dos que sabem falar,
Que pensam que podem resolver tudo com a morte,
Com a matança, com crescimento econômico,
Com tecnologia de última geração, com armas,
Com palavras discursivas, com uma bola de cristal nas mãos.
Onde está o verdadeiro Deus?
Este aqui é fajuto foi fabricado no Paraguai.
Sobre a lua enjoada dos mares enaltecidos
Vomitamos o lixo e depois engolimos
A água salgada até cairmos chapados loucos
Na praia.
Sei que não dormirei na terra de nossa Terra,
Não plantarei no chão de nossa Serra,
Serei apenas um filho que se cerra
Bem ao lado de sua mãe guerreira
No meio dos tiros e bombardeios da Gigantesca Guerra.
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Comentários
Re: A 3ª última Grande Guerra
Olhamos para o lado e não enxergamos
Que vivemos um furacão
Causado por nossas próprias asas.
Seríamos todos um, num Universo restrito, se soubessemos que as nossas palavras poderiam atingir mundos renovando mentalidads,se usassemos a nossa força para criar, edificar, renovar, e acima de tudo construir mundos a partir de um único ponto que nos liga a tudo.
Sei que não sou mais um a caminhar
No meio da multidão com arrependimento,
Mas me equilibro descalço neste fio de arame farpado.
Se cair, continuarei a cair num universo
Sem uma Terra para me suavizar a queda.
Se esse caminhar for no sentido revelador do nosso próprio destino, será então a esperança de nos sentirmos suaves nestas quedas que nos lembram muros caídos e edificados num vazio, onde tudo se edifica de novo
Olá meu bom amigo,
Um bom poema. Muito para se reter, e mais ainda, para que nos encontremos nessas tuas palavras
Um poema inspirado na teoria do caos e no efeito borboleta que tantos nos dá que pensar
bejos
Dolores Marques (Ônix)
Re: A 3ª última Grande Guerra
TRISTES VERDADES, NUM LONGO POEMA!
MEUS PARABÉNS,
Marne
Re: A 3ª última Grande Guerra
Alcantra
interessante mensagem que faz parar para reflectir o mundo em que vivemos...as contrariedades da vida
realço estes versos com grande sentido:
"Alguns vivem para comer,
Outros comem para viver.
Enchemos a pança e ficamos preguiçosos
Que nem conseguimos discernir
A lama da comida,
A fartura da fome."
Um abraço
Re: A 3ª última Grande Guerra
Nossa história será contada por ninguém ao lado de nada...
Um poema que eu identifico com muita realidade e esta tua frase diz tudo!!!
:-)