Congregação dos loucos

Quebrantado no eixo cromático da voluta do mundo,
Sinuosamente lançado no ar para o advento das ideias niilistas,
Extraordinariamente refletido pelo espelho agudo do universo
Multiplico-me divido-me somo-me subtraio-me
Vejo toco cego queimo cheiro mastigo
Até querer mais e mais
Mais e mais
Insaciável

Experimento a experiência universal das coisas.
Não me diga o que eu devo ou não fazer
Não fure meus olhos
Não arranque minhas mãos
Não roube minha voz
Não expulse o som dos meus ouvidos
Não condene meus pensamentos e minhas ideias
Deixe-me fazer as pazes comigo mesmo
Deixe-me guerrear comigo mesmo.

Leve-me à Castela e Leão
Quero ser a Espanha,
Quero ser Anglo-Saxões e Bretanha
Quero ser Germânia
Quero ser Brasil latino-americano.
Atravesso a rua para alcançar Nietzsche,
Reinvento prazeres remotos
Viro as páginas do oceano para ser a Áustria...

O rio é vidro derretido
Que leva em seu leito o indeterminado, o inexplicável, o indecifrável
Num fluxo refluxo

Nasço a priori
Vivo a posteriori

Quero ser a porta que se abre
Ou a porta fechada
Quero ser a janela aberta
Ou o que está fora dela
Quero ser a droga que alucina
Para alucinar quem me usa
Ou para matar quem me sacrifica,
Ou a overdose da visão do tudo
Da sede, da fome, do álcool...

Vício no cio, cio por vício...
Cão no vício
Homem no cio
Vício do vício do homemcão no cio.