Vida

De uma noite eu já fiz o dia
Dos sorrisos fiz minha alegria,
Da escuridão tomei a claridade,
Da mentira suprimi a verdade,

Das lágrimas fiz um vasto mar,
Da vida já eu fiz o meu pensar,
Do amor já cheguei a fazer dor,
Das vitórias já fiz um perdedor,

Das recordações já fiz lágrimas,
Do arrependimento fiz um “mas”,
Dos obstáculos fiz entretimento,
Dos obstáculos fiz o sofrimento,

Do sentimento já fiz promessas,
Já adorei, para voltar não peças,
Já construí ódio a volta do amor,
Já amei até sentir uma forte dor,

Já fiz quase que tudo até o mal,
Até que a morte seja enfim fatal,
Não sei como é que não fiz tudo,
Mas a vida segue, eu nunca mudo,

Já habitei os palácios da eternidade,
Tornei sua beleza numa realidade,
Já habitei os castelos de desespero,

Neles assumi todo e qualquer erro,

Já construí umas casinhas de beldade,
Todas foram habitadas pela saudade,
Já escrevi poemas de um grande amor,
Mais tarde foram manchados pela dor,

Já brinquei com os pequenos carrosséis,
Agora dedico-me a rascunhar uns papéis,
Já construí promessas de nunca te esquecer,
Mais tarde dizia não querer te voltar a ver,

Já desenhei varias vezes o momento inicial,
Já revi aquela despedida, aquele lindo final,
Ainda tenho aqui guardadas as promessas,
Pois construí um lugar onde não há pressas,

Por semanas já habitei um mundo da ilusão,
Nem sabia que já tinha bilhete para a desilusão
Rasgo o bilhete, deito fora e olho em frente,
Decido a esperar eternamente no presente,