Um diferente 2014 ou um 2014 diferente...A escolha é tua!
“Achas que devo?”. Mais do que uma pergunta era quase um ato ilocutório, idêntico a um qualquer cumprimento. Devolveu-me um olhar intrigado. Apressei-me a acrescentar “Escrever um poema ou um textito alusivo ao ano que se aproxima…”.
“Precisamente porque se trata de mais um degrau na passagem pela vida que conhecemos, é que tens a obrigação de escrever. Penso mesmo que ninguém te perdoaria se não o fizesses. Sabes como é, habituaste-nos…”
“Mas conheces-me! Não sou hipócrita. E, sobretudo neste tempo de realidades que me indignam, neste tempo em que, cada vez mais, o aniquilamento da dignidade de tanto ser humano me remete para o receio de um retrocesso irrecuperável, revestindo de trevas agoirentas as almas de boa vontade…”.
Um longo e pesado silêncio. Não era assunto novo nas nossas conversas.
“Talvez por isso mesmo. Escreve sobre isso. Afinal será mais um um alerta para que, cada um de nós tenha essa consciência, a capacidade de entendimento para não se deixar manipular. Que convoquemos a nossa força interior e façamos em cada dia de 2014 a diferença…”
“A diferença de ser diferente perante a indiferença dos falsos profetas”, atalhei antes que a hora do entardecer embrumado me fizesse desaparecer na batalha que só estava marcada para depois da meia-noite de 31 de dezembro.
Despedimo-nos. E, pelo sim, pelo não, acabamos por nos desejar um ótimo 2014, quase impercetível pelas gargalhadas saídas do olhar de infinitos sonhos aconchegados no azul celestial…
Odete Ferreira, num momento em que (vos) desejo passadeiras vermelhas em todos os momentos do ano marcado no calendário, desfilando de cabeça erguida e olhos piscando a estrela alojada em passos de bailarina. – 30-12-2013
Pintura de Hu JunDi em http://portate-mal.blogspot.pt/
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